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Economia: otimismo e preocupação
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Economia: otimismo e preocupação

Apesar de certo otimismo pela recuperação econômica, que especialistas entendiam que seria mais lenta, devido à pandemia, existem fatores preocupantes na economia brasileira que têm de ser levado em conta pelas autoridades.

A taxa de inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), foi a maior neste mês de maio desde 1996, ficando em 0,85% e pode totalizar mais de 8% até o fim de 2021, ficando acima da meta do governo para este ano, que é de 5,25%. O item que mais pesou na inflação mensal foi a energia elétrica, com alta de 5,37%, uma situação que vai perdurar, devido ao baixo nível dos reservatórios hidrelétricos.

Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra que os brasileiros pobres foram os que mais sofreram com a alta da inflação. Para as famílias com renda mensal inferior a R$ 1.650,50, a inflação foi de 8,91%, impacto quase duas vezes superior do que o registrado para as famílias com rendimentos entre R$ 8.254,83 e R$ 16.509,66 por mês. Para essas faixas de renda, a inflação foi de 0,49% no mês de maio.

Some-se a isso o fato de a cesta básica também ter sofrido aumento em 14 das 17 capitais brasileiras pesquisadas, incluindo o Ceará, chegando ao valor de R$ 531,21 em Fortaleza. O gás de cozinha, por sua vez, depois de nova elevação no preço passou a custar R$ 91,98, em média.

É, portanto, o momento de cobrar do governo medidas que possam mitigar as dificuldades que se avolumam para os estratos mais vulneráveis da população. O preço dos combustíveis não pode ficar apenas atrelado aos preços internacionais, fazendo, por exemplo, milhares de pessoas voltarem a usar o fogão de lenha, pois não têm mais condição de comprar o gás de cozinha. Mesmo reconhecendo-se que os preços não podem ser comprimidos artificialmente, também é incorreto submeter-se incondicionalmente aos valores internacionais, sem nenhum tipo de reparo para aliviar a situação dos mais pobres.

Ainda mais porque esse último reajuste surpreendeu o mercado, conforme o especialista em petróleo e gás, Bruno Iughetti, declarou ao O POVO, na edição de ontem: "Foi um aumento inesperado, porque contrariamente a esse aumento tivemos, na semana passada, uma redução da gasolina e a manutenção do diesel. Agora, sinceramente, são critérios conflitantes. Se a política de preços leva em consideração o preço do petróleo cru no mercado internacional e a variação cambial, deveria valer também para o gás".

O fato é que, o governo tem a obrigação de pensar em medidas que não se limitem a transferir para o bolso do consumidor brasileiro, principalmente os mais pobres, o resultado de decisões econômicas que parecem não levar em conta a vida real das pessoas, que terão de arcar com a consequência das decisões. n

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