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Polícia Militar, o alerta da Paraíba
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Editorial opinião

Polícia Militar, o alerta da Paraíba

É preciso ficar atento ao movimento reivindicatório de forças policiais que se desenham em pelo menos dois estados do Nordeste: Paraíba e Rio Grande do Norte. A experiência do Ceará mostra a necessidade de lidar com firmeza com tais episódios, buscando amplo apoio da sociedade, ou eles podem tomar proporções difíceis de serem controladas.

Na Paraíba, policiais e bombeiros militares, depois de um ato em frente à sede do governo, em João Pessoa, protestaram em frente à residência oficial do governador, João Azevêdo (Cidadania), reivindicando reajuste salarial. A partir daí iniciaram uma espécie de "operação padrão", de modo a dificultar o trabalho nas ruas, o que fez aumentar a violência em várias cidades do Estado.

É verificável o forte componente político-eleitoral na movimentação, pois um de seus líderes é o deputado estadual bolsonarista Cabo Gilberto (PSL), da Polícia Militar paraibana.

Em um áudio vazado, o Cabo Gilberto incentiva os PMs a prejudicarem o trabalho de patrulhamento, diz que estão "em guerra", tendo como "inimigo" o governador do Estado. Na gravação ele ensina os policiais a paralisar o trabalho, entregando os plantões, para, supostamente, ficarem "dentro da legalidade", pois a Constituição proíbe greve de militares.

De fato, a greve é vetada aos policiais, mas também não lhes é lícito usar subterfúgios para driblar a proibição constitucional ou amotinaram-se em desrespeito à hierarquia própria das corporações militares.

No Rio Grande do Norte, o movimento reúne agentes da Polícia Civil e servidores da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social. Aparentemente, a situação é menos belicosa do que no estado vizinho. O Sindicato dos Policiais Civis suspendeu ontem uma greve que durou apenas um dia e iniciou negociações com o governo de Fátima Bezerra (PT) pela implantação de um plano de carreira. Ocorre que a greve também foi proibida para todas as carreiras policiais, por força de uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).

Os dois casos merecem alerta, de modo a evitar que transbordem para outras regiões. Porém, a situação da Paraíba é mais delicada.

Observem que, ao contrário do que seria natural em qualquer movimento, a busca de um acordo, Cabo Gilberto descarta qualquer diálogo para sair do impasse. Na verdade, o que lhe interessa não são as reivindicações da categoria, mas a continuidade do conflito e as vantagens políticas que ele pode auferir com o confronto.

Não se discute aqui a pertinência das reivindicações dessas categorias, cabendo aos governos a abertura de canais apropriados de diálogo. Mas não se pode aceitar, à guisa de petições salariais, que tais movimentos descambem para a violência contra a população, por ação ou omissão das forças policiais, que têm a missão de protegê-la. Trata-se de uma inaceitável, ilegal e inconstitucional inversão de papéis, que só beneficia alguns espertalhões, que usam o movimento para ganharem dividendos políticos. n 

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