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Segurança pública: a propaganda e a realidade
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Segurança pública: a propaganda e a realidade

É preciso que o governo do Ceará faça um balanço para avaliar por que as políticas para a segurança pública não surtem efeitos ou apresentam resultados abaixo do esperado
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Após a intensa propaganda sobre as atividades das forças de segurança no Ceará, com anúncio de prisão de líderes de facções criminosas, contratação de mais agentes e aumento de recursos para segurança pública, outubro trouxe más notícias para o governo. O décimo mês do ano registrou o maior número de homicídios no Estado em 2025.

Balanço divulgado pela Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) aponta que, no período, aconteceram 284 crimes violentos letais intencionais (CVLI), superando agosto, com 281 assassinatos. Nos dez primeiros meses do ano, o número chegou a 2.523 CVLI. Outro dado que chama a atenção é que 41 mortes aconteceram por intervenção policial, o maior quantitativo observado em um mês, desde 2013.

Mas essa situação não é restrita ao Ceará, a criminalidade e a atuação do crime organizado disseminam-se por todo o País. É difícil fugir da discussão sobre segurança pública devido à relevância que o tema adquiriu, mobilizando debates entre autoridades, mas também se tornando um assunto praticamente obrigatório em todas as rodas de conversa. Pesquisa da Quaest, divulgada na quarta-feira, mostra que a preocupação dos brasileiros com a violência aumentou de 30% para 38% em um mês.

Outro levantamento recente, do instituto Datafolha, concluiu que 19% dos moradores vivem em áreas sob influência de facções e de milícias, equivalente ao total de mais de 28 milhões de pessoas impactadas pelo crime organizado.

Frente a essa situação calamitosa, nem esquerda, nem direita apresentam propostas que apontem uma direção segura para evitar que a situação continue se deteriorando. O mais comum é que a discussão descambe para "narrativas" eleitoreiras, proposições inócuas e, pior, apelo a métodos populistas, que somente agravam o problema.

Alguns eventos, como a chamada "megaoperação", desfechada nos complexos da Penha e do Alemão pelo governo do Rio de Janeiro, provocando a morte de 121 pessoas, fizeram o Congresso Nacional mobilizar-se a toque de caixa, tornando a situação ainda mais confusa.

Sob a liderança canhestra do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), um assunto que demandaria discussão aprofundada, a PL Antifacção, ganhou tramitação em "regime de urgência". A relatoria foi entregue a Guilherme Derrite (PL-SP), que não tem a mínima condição de formar os consensos necessários para gerar uma proposta que concilie as diferenças políticas, mas que seja eficaz para combater o crime. Derrite já está na quarta versão do projeto, depois de ter desfigurado a proposta do governo, sem ter a mínima ideia do que pôr no lugar. Era um fracasso anunciado, só não visto pelo hesitante presidente da Câmara.

Quanto ao Ceará, é preciso que o governo faça um balanço para avaliar por que as políticas de segurança pública não surtem efeito ou apresentam resultados abaixo do que seria esperado.

 

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