O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
É importante que a sociedade brasileira encontre formas de organizar uma ação no sentido de conter o avanço do quadro de violência contra as mulheres que marca o dia-a-dia brasileiro da atualidade. No último domingo, milhares de pessoas ocupavam ruas de várias cidades brasileiras, em protestos ordeiros e necessários de alerta sobre o cenário, e, de verdade, acontecia que novos episódios de feminicídio estavam sendo registrados país afora, demonstrando a urgência de encontrar uma solução para um quadro que é dramático. Tanto quanto inaceitável.
Vivemos, de verdade, um quadro de epidemia no Brasil. São situações quase diárias de agressões motivadas somente pela condição de gênero da vítima, resultando em estatísticas macabras que nos envergonham e deveriam preocupar. Sem contar que o cenário estimula um quadro de subnotificação no qual muitos casos sequer chegam ao conhecimento público, porque o medo paralisa as vítimas.
O machismo e a misoginia não podem continuar a nos desafiar dentro do esforço de construção de um ambiente sadio de convivência entre as pessoas, imune às diferenças de gênero, raça ou cor que marcam uma sociedade ricamente diversa como a que temos em nosso País.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um discurso duro na semana passada ao abordar a situação, inclusive anunciando que em caso de nova candidatura não quer o voto de quem agride mulher. Pelo peso institucional do cargo que ocupa um gesto elogiável, certamente, mas ainda longe de expressar tudo aquilo que tem condições de fazer, a partir de onde está, para termos o obstáculo observado na sua dimensão exata.
O movimento Levante Mulheres, que chamou à mobilização que se espalhou pelas cidades brasileiros no domingo passado, registrou 1.180 casos acumulados de feminicídio no ano de 2025. Uma calamidade social que nos deveria envolver mais, como cidadãos e cidadãs, e que exigiria dos governos e parlamentos atenção e atitude para agirem quanto à parte que compete ao poder público no esforço permanente de reverter o quadro atual indesejável.
Claro que a primeira mudança deve vir de nós, fazendo a parte que nos cabe para construir um ambiente social que desestimule qualquer ação violenta como meio de se fazer valer pela força. O machismo não é um contratempo a ser combatido apenas com lei ou a força do Estado, trata-se, em primeiro lugar, de um comportamento que devemos desestimular sempre que identificado na convivência diária.
Foram muitos eventos violentos nos últimos dias que, na origem, são explicados pela questão de gênero. Não é mais suportável que sigamos produzindo números vergonhosos e que não condizem com a ideia de mundo civilizado, no qual pessoas se respeitam independente do gênero de cada um. n
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