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Artigo - "A democracia e seus fanáticos"
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O jornalista Eliomar de Lima escreve sobre política, economia e assuntos cotidianos na coluna e no Blog que levam seu nome. Responsável por flashes diários na rádio O POVO/CBN e na CBN Cariri.

Artigo - "A democracia e seus fanáticos"

Com o título "A democracia e seus fanáticos", eis artigo de Alessander Sales, doutor em Direito, professor da Unifor e procurador da República. "Não se pode admitir que fanáticos, armados de notícias falsas pretendam eliminar, usando o nome da democracia, as próprias instituições democráticas.." diz o articulista. Confira:
Tipo Opinião
O povo quer saber com Alessander Sales, Procurador da República
Na foto: Alessander Sales
Foto: Kléber A. Gonçalves, em 01/11/2011 (Foto: KLÉBER A. GONÇALVES)
Foto: KLÉBER A. GONÇALVES O povo quer saber com Alessander Sales, Procurador da República Na foto: Alessander Sales Foto: Kléber A. Gonçalves, em 01/11/2011

Ao escrever sobre como curar um fanático, Amos Oz expôs, a partir do conflito entre judeus e palestinos, os elementos essenciais do fanatismo e suas formas de contenção. Para ele, os envolvidos não conseguem superar esse conflito porque, mesmo estando os dois lados certos em suas reivindicações, ambos só buscam, seja qual for o meio, a eliminação do inimigo.

No Brasil atual, também vivemos uma batalha fanática, só que entre errados e errados.

Não se pode admitir que fanáticos, armados de notícias falsas pretendam eliminar, usando o nome da democracia, as próprias instituições democráticas, somente em razão delas exercerem suas competências ao anularem atos que causam caos gerencial, protegem parentes e amigos ou afrontam diretamente a Constituição.

De outro lado, fanáticos até ontem críticos ferozes do ativismo judicial aplaudem, também invocando a democracia, decisões judiciais que, para responder a essas ameaças concentram, em um mesmo Tribunal, as figuras de vítima, investigador e de julgador.

Para os fanáticos, a democracia não passa de um meio de afirmação de poder sobre um inimigo circunstancial que deve ser destruído para o bem de todos. Para os não fanáticos, a democracia deve ser sempre um valor inegociável e, antes de tudo, uma forma legítima de exercício do poder.

Oz estava certo ao dizer que a cura do fanatismo exige sempre o engajamento dos moderados, independentemente de seus vínculos políticos. Somente esses, que felizmente são a grande maioria, podem, saindo de sua confortável omissão, construir um compromisso real de exigir respostas certas para posturas erradas. Sem isso, em algum momento, com o fim do diálogo entre as instituições, a força tentará arbitrar esse confronto de erros. Mas, reafirma Oz, como a força não destrói ideias - nem as ruins - apenas caçar fanáticos nunca será suficiente para conter o fanatismo.

Na democracia os fins não justificam os meios, mesmo que para defendê-la de agressões fanáticas. Criar a consciência coletiva de que só o certo combate o erro é o desafio a ser enfrentado com coragem por todos que sempre estiveram com ela verdadeiramente comprometidos.

*Alessander Sales,

Doutor em Direito, professor da Unifor e procurador da República.

Foto do Eliomar de Lima

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