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Artigo - As pesquisas eleitorais sinalizam os nomes finalistas do primeiro turno
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O jornalista Eliomar de Lima escreve sobre política, economia e assuntos cotidianos na coluna e no Blog que levam seu nome. Responsável por flashes diários na rádio O POVO/CBN e na CBN Cariri.

Artigo - As pesquisas eleitorais sinalizam os nomes finalistas do primeiro turno

"Quando o candidato tenta, de maneira nada honesta, se desvencilhar dos movimentos dos quais foi o principal protagonista, ele perde o respeito do seu eleitor", comentou em artigo o sociólogo e professor João Arruda
Tipo Opinião
 (Foto: DIVULGAÇÃO)
Foto: DIVULGAÇÃO

A Pesquisa de intenção de voto O Povo Datafolha, publicada na noite de quarta, foi, seguramente, o assunto mais debatido nas redes sociais durante os dois dias subsequentes. Ela mexeu intensamente com o imaginário político dos eleitores fortalezenses e impactou fortemente os Comitês Eleitorais dos candidatos.

A pesquisa revelou o que os outros Institutos de Pesquisa já haviam revelado. Afinal, as pesquisas eleitorais, gostemos ou não, mesmo usando metodologias diferentes, funcionam como uma fotografia do momento. Os seus resultados costumam provocar alegrias efêmeras em uns, frustrações e desesperanças em outros e euforias contidas e fundamentadas nos que conseguem melhor se projetar.

Elas mantêm algumas regularidades que eu chamaria universais. Nas suas primeiras rodadas, elas tendem a beneficiar aqueles que possuem o melhor recall eleitoral, ou seja, os candidatos mais conhecidos do público, os que têm mais tempo do nome lançado e os eternos candidatos. Estes são sempre lembrados, ficando, no início, em melhores colocações que os demais. Em Fortaleza, o Wagner e a Luizianne foram grandemente beneficiados pelo efeito recall, pois suas candidaturas foram postas desde novembro de 2016.

Porém, no geral, à medida que o processo eleitoral foi se desenvolvendo, quando o histórico, as coerências e contradições dos candidatos passaram a ser questionados; quando a mídia e as redes sociais passaram a expor os candidatos à exaustão; quando as suas estruturas de apoio eleitoral começaram efetivamente a operar; quando os candidatos que só possuíam recall começaram a descer, a pesquisa, enfim, passou a revelar quem objetivamente tem fôlego para liderar na reta final.

Acompanhemos os números das pesquisas:

A primeira pesquisa de intenção de voto em Fortaleza foi realizada pelo Instituto Zaytec e publicada no dia 25 de setembro, tendo registrado os seguintes resultados: Capitão Wagner: 34,3; Luizianne Lins: 23,2; Heitor Férrer: 5,8 e Sarto Nogueira: 5,1.

A segunda foi publicada em 14 de outubro, foi realizada pelo IBOPE e apresentou o seguinte resultado: Capitão Wagner: 28; Luizianne Lins: 23 e Sarto:16.

A terceira foi realizada pelo O Povo-Datafolha e publicada no dia 17 de outubro, tendo sido obtidos os seguintes resultados: Capitão Wagner: 33; Luizianne Lins: 24 e Sarto Nogueira15.

No dia 21 de outubro a Big Data-CNN Brasil publicou sua pesquisa, obtendo o seguinte resultado: Capitão Wagner 31; Luizianne Lins:21; Sarto Nogueira 18.

Finalmente, O POVO-Datafolha, na noite do dia 28, publicou a sua segunda pesquisa, apresentando o seguinte resultado: Capitão Wagner: 31; Sarto Nogueira: 22 e Luizianne Lins: 19.

Se analisarmos os números apresentados pelos diferentes institutos, obedecendo a ordem cronológica das suas realizações, podemos legitimamente inferir que a candidata Luizianne tem um acentuado viés de queda; o Wagner, apesar de mais resiliente, teve uma leve queda, ficando situado na faixa dos 30 pontos. Nessa série, o Sarto foi o único candidato a manter um firme viés de crescimento.

A queda acentuada de Luizianne pode ser explicada por uma somatória de fatores, como o fim do efeito do recall, pela tóxica associação do seu nome ao ex-presidente Lula, pela sua péssima gestão presente na lembrança histórica dos fortalezenses e, finalmente, pela percepção dos eleitores que a candidata petista comete um inaceitável e aético estelionato eleitoral quando insiste em afirmar que conta com o apoio do governador Camilo Santana, induzindo o eleitor ao erro.

Em relação ao Wagner, contraditoriamente, os fatos que lhes deram visibilidade política, - os dois criminosos motins de maus PMs que aterrorizaram Fortaleza em 2011 e início de 2020 -, agora se apresentam como o principal obstáculo ao seu crescimento. Quando o candidato tenta, de maneira nada honesta, se desvencilhar dos movimentos dos quais foi o principal protagonista, ele perde o respeito do seu eleitor. Tudo indica já ter atingido o seu teto, podendo cair ainda mais com a perda do que resta de recall.

Por último, o candidato Sarto parece caminhar irreversivelmente para assumir a liderança nas intenções de voto dos fortalezenses, nesse primeiro turno. Mesmo tendo sido lançado muito tardiamente e ainda ser desconhecido por um quarto dos fortalezenses, segundo pesquisa O Povo-Datafolha, ele mantém um forte viés de crescimento. Com uma grande estrutura partidária e contando com o apoio do prefeito Roberto Cláudio e do governador Camilo Santana, os dois maiores eleitores do Ceará, além de um exército de mais de 500 postulantes à Câmara Municipal e de milhares de militantes motivadamente engajados, o que lhe garante uma excelente capilaridade em toda Fortaleza, a candidatura Sarto Nogueira se qualifica para substituir o prefeito Roberto Cláudio e ter o privilégio de dar continuidade ao seu grande legado.

João Arruda é sociólogo e professor da UFC

Foto do Eliomar de Lima

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