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Artigo - Para preservar a memória do nosso povo
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O jornalista Eliomar de Lima escreve sobre política, economia e assuntos cotidianos na coluna e no Blog que levam seu nome. Responsável por flashes diários na rádio O POVO/CBN e na CBN Cariri.

Artigo - Para preservar a memória do nosso povo

"Proposta de Emenda à Constituição proíbe mudar denominações de espaços públicos", aponta em artigo o jornalista e poeta Barros Alves
Tipo Opinião
Barros Alves é jornalista e poeta (Foto: Mateus Dantas)
Foto: Mateus Dantas Barros Alves é jornalista e poeta

A ninguém é dado desconhecer a missão que tem cada cidadão, em especial aqueles que detêm o mando público, de preservar o patrimônio histórico-cultural que constitui bem material e/ou imaterial conseguido e sedimentado ao longo do tempo, imprescindível para a formação da identidade individual, de grupos sociais e do próprio povo. Todo elemento material e imaterial capaz de traduzir o momento cultural ou natural de um grupo social ou de um povo, deve ter seu registro assentado e, digo eu, respeitado como um bem cultural inalienável. Assim com as formas de expressão que nos seduzem por intermédio da música, da literatura, da dança, da arquitetura, dos rituais, dos vestuários, das tecnologias por mais rudimentares que sejam, como a dos indígenas brasileiros; enfim, os bens culturais contidos nos gostos, nos modos e costumes dos segmentos sociais que formam uma comunidade ampla como a sociedade cearense, brasileira etc.

Dito isto, causa espécie, senão um elevado sentimento de repúdio, a iniciativas que visam apagar da memória pública registros que carregam superior significado para as comunidades às quais dizem respeito. Por agora, dois malévolos intentos chegaram ao meu conhecimento. O primeiro, eivado de deletéria iconoclastia de fundo ideológico à esquerda do espectro político, propõe substituir o nome da Biblioteca Pública do Estado do Ceará, que homenageia o ex-governador Menezes Pimentel, por nome situado abaixo dele na régua de intelectualidade e serviços prestados ao povo cearense, qual seja o do escritor Gilmar de Carvalho, recentemente falecido.

Menezes Pimentel assoma como uma das personalidades públicas mais importantes do Estado, tendo alçado aos elevados cargos que ocupou pelos méritos com que Deus o aquinhoou. No centenário de seu nascimento, o historiador Mozart Soriano Aderaldo, uma das brilhantes inteligências do Ceará, fez-lhe o elogio memorial dedicando-lhe discurso subordinado ao apropriado título “De Bodegueiro a Ministro de Estado.” Deputado estadual, federal, senador da República, governador e vice-governador do Ceará, ministro da Justiça e Negócios Interiores, o advogado, jornalista, professor e membro da Academia Cearense de Letras foi, sobretudo, um educador no sentido lato do termo. Durante sua gestão à frente do governo “voltou-se para os problemas da educação pública, da agricultura, da viação, do ensino profissional, da construção de açudes e do desenvolvimento econômico.” Não há, portanto, como comparar as duas biografias sem que o pêndulo da balança se dobre para o lado de Menezes Pimentel.

A outra agressão ao nosso patrimônio cultural partiu de um militante de redes sociais, cujo nome nem merece ser citado, certamente um obtuso leitor de lixos midiáticos, o qual propôs substituir o nome do historiador Pedro Gomes de Matos, que nomeia o Teatro de Maranguape, terra querida da qual sou cidadão honorário, pelo nome do humorista Chico Anísio, este por demais homenageado pelos conterrâneos. O propositor da “heresia” desconhece que o farmacêutico Pedro Gomes de Matos foi um premiado escritor, com láurea expedida pela Academia Brasileira de Letras em razão de ensaio sobre Capistrano de Abreu, inclusive. Essa estultícia de troca de nomes em razão de nítida guerra cultural movida pela ignorância, poderá não ser mais objeto de nossos cuidados, uma vez que o deputado Elmano de Freitas, um esquerdista alfabetizado e de bom senso, já apresentou à Assembleia Legislativa do Estado do Ceará, Proposta de Emenda à Constituição-PEC , que proíbe mudar denominações de espaços públicos. Urge que institutos e associações culturais solicitem ao presidente da Assembleia Legislativa que coloque em pauta a pertinente propositura do deputado Elmano Freitas.

Barros Alves é jornalista, poeta e integrante da Sociedade Cearense de Geografia e História - SCGH

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