A política de arrocho salarial no serviço público cearense acarreta sérios prejuízos aos trabalhadores, em especial aos aposentados, que são obrigados a desembolsarem, desde 2019, período pós-reforma da previdência estadual, o percentual de 14% da remuneração. A regra atinge todos que recebem a partir do dois salários-mínimos. Uma injustiça!

Não há como mensurar a gravidade dessa penalidade frente ao desequilíbrio financeiro por falta de reajuste ou reposição das perdas inflacionárias. Os governos parecem estar insensíveis ao processo de envelhecimento natural do ser humano, período de limitação motora e adoecimento para alguns.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) destacou o crescimento da população de terceira idade que, da década de 1990 para os anos 2000, aumentou em 17% no Brasil. O instituto de pesquisa afirmou, neste relatório, que o país tem cerca de 20 milhões de idosos com previsão de atingir os 32 milhões de pessoas até 2025. E por qual motivo nossos governos não respeitam essa população?

As finanças equilibradas também contribuem para um processo de envelhecimento natural e saudável. A preocupação excessiva com dívidas poderá mexer com a saúde mental do indivíduo que, na ocasião, poderá enfrentar distúrbios alimentares, insônia, sentimentos de incapacidade e impotência e até culpa por não conseguir honrar com os compromissos, assim afirmam especialistas da psicologia.

Seguindo esse cronograma de previsível drama, ignorando profissionais da saúde, que alertam sobre riscos à saúde dos endividados, e até desconsiderando à Constituição Federal, que garante a reposição salarial, o governo comprova que não se preocupa com os idosos.

Rita Gomes é presidente d Associação dos Servidores da Secretaria de Educação do Estado do Ceará (Asseec)