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Os caminhos de conciliação ou contra-ataque
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O jornalista Eliomar de Lima escreve sobre política, economia e assuntos cotidianos na coluna e no Blog que levam seu nome. Responsável por flashes diários na rádio O POVO/CBN e na CBN Cariri.

Os caminhos de conciliação ou contra-ataque

Em artigo sobre a doutrina bolsonarista, o psicanalista Valton de Miranda Leitão aponta que "o povo apático assiste a tudo, imaginando tratar-se de um pesadelo que terminará na próxima eleição". Confira:
 (Foto: ANDRÉ SALGADO)
Foto: ANDRÉ SALGADO

Alguns dias antes de entregar para publicação seu texto "O mal-estar na civilização", Freud assiste a ascensão do nazismo na esteira da derrocada da Bolsa de Nova Iorque, em outubro de 1929. Qualquer pessoa minimamente culta sabe dos horrores que se seguiram à chegada de Hitler ao Poder.

O mundo parece estar vivendo o prelúdio de algo semelhante que no Brasil corresponde à eleição fraudulenta (fake news e laranjal do PSL) de Jair Bolsonaro. O ataque à cultura nas suas diversas manifestações científicas e artísticas, e o enquadramento militarista das relações sociais são os principais sintomas desta nova onda de intolerância e arrogância na vida sociopolítica.

Freud afirmava seu pessimismo na autonomização gradual da pulsão de morte, enquanto os vínculos amorosos eram culturalmente reprimidos e o superego individual se agigantava fazendo corpo único com o fanatismo religioso. As características mais evidentes de personalidades como Bolsonaro, Moro, Witzel, Weintraub e Guedes são arrogância, autoritarismo e profetismo na diuturna desqualificação daqueles que consideram seus inimigos políticos. O linguajar tosco, os trejeitos judiciais, a mediocridade e o despreparo intelectual não devem iludir quanto ao plano que une todos esses personagens no fascismo.

A ideologia nutrida pela pulsão de morte exige a liquidação do “inimigo”, na Europa de Hitler, o judeu e no Brasil, atualmente, o esquerdista. O objetivo comum exige a liquidação do saber universal com asfixia das universidades, a instalação de escolas cívico-militares para enquadrar a juventude e o ativismo político-jurídico cumprido como função purgativo-religiosa.

A mídia mais novelesca, comandada pela rede Globo, tenta sair do caos em que está mergulhado o país, procurando reconstruir o mito do juiz implacável, Sérgio Moro, que hoje é sabido e consabido ser um depravado quanto à aplicação do Direito. Os governadores brasileiros guiados alguns, como no sudeste de Dória, pelo oportunismo político e, no nordeste, pela tentativa de se protegerem da artilharia bolsonarista, não conseguindo efetivar um consórcio, buscam caminhos de conciliação ou contra-ataque.

Nessa guerra política, destaco a coragem da governadora Fátima Bezerra do Rio Grande do Norte, ao dizer: “Esse dinheiro não viria para ser investido na compra de computadores ou materiais, mas apenas para pagar os militares que iriam fazer doutrinação ideológica nas escolas, transformando os estudantes em mini soldados do fascismo. Professores civis nós já temos, não precisamos de militares como professores!”

A conciliação política para governar é um caminho perigoso que compromete a coerência do projeto político de qualquer um que almeje fazer política como busca do bem comum. A população pobre, as minorias e os indígenas já estão pagando o preço que o mercado da riqueza deseja como botim de guerra. O povo apático assiste a tudo, imaginando tratar-se de um pesadelo que terminará na próxima eleição.

Valton de Miranda Leitão, psicanalista

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