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Artigo - "Desapego em nome da paz"
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O jornalista Eliomar de Lima escreve sobre política, economia e assuntos cotidianos na coluna e no Blog que levam seu nome. Responsável por flashes diários na rádio O POVO/CBN e na CBN Cariri.

Artigo - "Desapego em nome da paz"

Com o título "Desapego em nome da paz", eis artigo de Roberto Macêdo, ex-presidente da Federação das Industrias do Ceará (Fiec) e membro do conselho da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Ele aborda o filme Dois Papas e fala sobre lição de humildade e respeito. Confira:
Cineasta Fernando Meirelles disse que Dois Papas tem sido filme dele de maior repercussão (Foto: .)
Foto: . Cineasta Fernando Meirelles disse que Dois Papas tem sido filme dele de maior repercussão

Assisti ao excelente filme Dois Papas, do cineasta brasileiro Fernando Meireles, no momento em que se aguçava o perigo de conflito mundial causado com a morte do general iraniano Qasem Soleimani pelos Estados Unidos, e pelo revide do Irã, atacando duas bases estadunidenses no Iraque.

A ameaça de mais uma guerra de proporções incontroláveis aumentou minha preocupação com a situação da humanidade. O ser humano, que vem passando por um processo de excessiva materialização, corre um grande risco diante de atitudes que levam à desvalorização da vida.

O descuido com a espiritualidade e a falta de respeito ao outro estão cada vez mais presentes em nosso cotidiano. Matar pessoas tornou-se um ato banal. Grandes potências são dirigidas por líderes que pensam apenas na manutenção de suas posições de poder. Para estes, a paz interessa muito pouco.

A arrogância que destrói a estabilidade social, tão frequente no comportamento dos que deflagram guerras, se contrastou para mim com a humildade demonstrada nesse filme pelos papas Bento XVI e Francisco. A substituição de um papa ainda em vida, por iniciativa do próprio, é uma poderosa mensagem de renúncia pessoal em prol de um bem maior.

A postura dos dois papas simboliza o amor no que ele revela de desprendimento, respeito mútuo e reconhecimento dos nossos limites. Isso se expressa bem na cena em que Bento XVI pede a Francisco para se confessar. A abnegação presente nesse ato, foi determinante para construir um diálogo que possibilitou um nível superior de entendimento entre os dois, com grande benefício para a Igreja e para a humanidade.

A empolgante obra cinematográfica de Fernando Meireles contribui em muito para esclarecer as razões que levaram um papa a renunciar, fato até então ocorrido uma única vez, e há sete séculos. Na ocasião, muitos ficaram decepcionados com essa decisão que, agora, se explicita como um reconhecimento de Bento XVI de que ele não poderia continuar atendendo as exigências da gloriosa missão assumida.

Que este exemplo ilumine crentes e não crentes no exercício do desapego, para a construção de um mundo de paz.

*Roberto Macêdo

Ex-presidente da Federação das Indústrias do Ceará e membro do conselho da Confederação Nacional da Indústria.

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