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Artigo - "Existe direito de ser politicamente incorreto?"
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O jornalista Eliomar de Lima escreve sobre política, economia e assuntos cotidianos na coluna e no Blog que levam seu nome. Responsável por flashes diários na rádio O POVO/CBN e na CBN Cariri.

Artigo - "Existe direito de ser politicamente incorreto?"

Com o título "Existe direito de ser politicamente incorreto?", eis artigo de Rômulo Conrado, procurador da República no Ceará. Confira o texto e tire suas conclusões.
Tipo Opinião
Ser ou não ser... (Foto: Ilustrativo)
Foto: Ilustrativo Ser ou não ser...

Muitas vezes apontado como um dos fatores que tornaram a sociedade mais "careta", o politicamente correto pode ser encarado como resultado de grandes mudanças culturais que não mais admitem, a pretexto do exercício da liberdade de expressão, a permanência de manifestações reacionárias e preconceituosas em detrimento de grupos tradicionalmente marginalizados.

Seu contraponto, o discurso politicamente incorreto, vem se prestando para legitimar a continuidade da prática de se destilar preconceitos em detrimento de minorias. Temos assistido a verdadeiros absurdos, a pretexto de que cada um pode falar o que pensa, especialmente quando se tratar de mera piada, para fins eleitoreiros ou para alcançar maior público em redes sociais, e que olvidam contar a liberdade de expressão com uma função social, não sendo um direito absoluto.

Ainda que por vezes os antigos programas humorísticos divulgassem piadas com elementos como raça ou orientação sexual, mesmo que sem a direta intenção ofensiva, ao assim proceder fomentavam a continuidade da crença de que certos grupos poderiam ser ridicularizados para fazer rir, por se limitar a uma "brincadeirinha", permeando a sociedade com uma cultura de superioridade de um grupo em detrimento de outro. Não representa o politicamente correto o patrulhamento ideológico, mas resulta do advento de uma cultura de igualdade e respeito à dignidade de todos.

Muito importante colocar-se o autor no lugar da pessoa que se julga ofendida pela expressão cultural alheia, posto que aquilo que soa "engraçado" a um determinado público pode se evidenciar extremamente ofensivo a outro, notadamente quando embute séculos de intolerância e discriminação, que podem subsistir disfarçados sob outros rótulos.

Inadmissível, o discurso politicamente incorreto torna-se ainda mais grave quando emana de agentes políticos, os quais, sob pena de cometimento de crime de responsabilidade, ensejando perda dos cargos que ocupam, não podem proceder de modo incompatível com a dignidade e o decoro dos cargos, sob pena de se degradarem fortemente as instituições.

*Rômulo Conrado,

Procurador da República no Ceará.

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