Um fato que não podemos esquecer: se o Governo Federal tivesse avançado nas negociações com a Pfizer, o Brasil teria iniciado a vacinação contra a Covid ainda em 2020.
Com isso, a nova onda de contaminações deste ano teria sido sensivelmente minimizada, evitando milhares de mortes, custos de atendimentos do SUS, atraso na retomada da economia e todos os demais custos e sofrimentos decorrentes.
E por que o governo Bolsonaro não fechou com a Pfizer, ainda em 2020, que era um dos laboratórios com vacina em desenvolvimento com testes mais avançados?
A resposta é a mais chocante descoberta da CPI da Pandemia no Senado: o Governo ignorou vários contatos feitos pela Pfizer, ainda em 2020, numa clara negligência com as milhares de vidas que estavam em risco.
Mas, em 2021, firmou contratos de compra de outras vacinas, por meio de atravessadores, ao invés de negociar direto com os laboratórios fabricantes, e ainda praticando valores de dose mais caros do que a Pfizer.
Não foi apenas um caso. Temos até agora três contratos em investigação, que envolvem até vacinas ainda sem aprovação da Anvisa.
E a cada novo depoimento, a CPI une mais provas, fechando um quebra-cabeça complexo que revela os bastidores que levaram o Brasil ao segundo lugar no ranking de mortes por Covid no mundo. Alcançamos a triste
marca de mais de 533 mil vidas perdidas pela pandemia. Mais de 60% só em 2021. Como consequência da negligência na compra de vacinas, até agora, não conseguimos imunizar com as duas doses nem 15% da população,
Mesmo assim, esse pequeno percentual já mostra resultado: os números diários de novas contaminações e mortes têm perdido o ritmo de crescimento.
Deixo aqui algumas reflexões. Que espécie de pessoas temos à frente do nosso país hoje? Que tipo de gente é essa, capaz de boicotar a compra de vacinas que salvariam milhares de vidas num momento tão crítico? E o que dizer dos contratos superfaturados?
A CPI teve seu prazo prorrogado. Ainda há muito a se descobrir. Mas parece já ter provas suficientes para afastar do poder e punir exemplarmente todos os responsáveis por essa tragédia.
