Logo O POVO+
O candidato é dos Ferreira Gomes
Foto de Érico Firmo
clique para exibir bio do colunista

Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

O candidato é dos Ferreira Gomes

Tipo Opinião
Sarto defenderá a continuidade da administração Roberto Cláudio (Foto: DIVULGAÇÃO)
Foto: DIVULGAÇÃO Sarto defenderá a continuidade da administração Roberto Cláudio

Há muitos sinais na escolha de José Sarto Nogueira para concorrer a prefeito de Fortaleza. Das opções do PDT, é o mais experiente. Fazia política quando alguns entravam na adolescência. Não é quem tem mais carisma, nem mais experiência de Executivo. Mas é quem tem mais apoio político: de deputados, vereadores, prefeitos do interior. Em 2012, a eleição de Roberto Cláudio passou pelo suporte político. Sarto é o mais identificado deles com a política tradicional. O que o deixa vulnerável ao discurso que o associará à "velha política", tão ao gosto de Jair Bolsonaro. Todavia, ele é o menos vulnerável ao discurso de que seria "poste" de Roberto Cláudio (PDT), como Capitão Wagner (Pros) já ensaiava. Aliás, dos cinco, Sarto é quem tem mais couro grosso para enfrentar uma campanha agressiva.

Sobretudo, Sarto é o candidato mais ligado aos Ferreira Gomes. O prefeito trabalhou para viabilizar Samuel Dias. A opção por Sarto mostra que o grupo tem comando, e são os irmãos sobralenses.

No Paço Municipal, a informação é de que Roberto Cláudio não ficou contrariado. Sarto teria sido a opção de convergência do prefeito, do governador, de Ciro Gomes e Cid Gomes. Mas ficou evidente que a Prefeitura é, hoje, do grupo e não do prefeito. E quem manda são os irmãos. Sarto tem o DNA Ferreira Gomes, como Samuel tem o de Roberto Cláudio.Um sinal para a sucessão estadual daqui a dois anos. Na qual, aliás, Roberto Cláudio é um dos favoritos. Sempre por opção do clã.

DNA de Camilo

A chapa governista para a Prefeitura tem DNA do governador Camilo Santana (PT), na indicação de Élcio Batista (PSB). Isso independentemente da posição do PT, que adiou sua convenção.

Tardia ascensão de um leal aliado

Sarto é dos mais leais, antigos e disciplinados aliados dos Ferreira Gomes. Quase sempre foi coadjuvante. Muitas vezes, preterido. Parecia que sua vez havia passado. Desde o ano passado, tem recebido recompensas.

Ele foi eleito pela primeira vez vereador quando Ciro Gomes foi eleito prefeito, em 1988. No PMDB, foi eleito presidente da Câmara Municipal em 1993, no começo da gestão Antônio Cambraia. Na época, ele era dissidente na base governista, já que o ex-prefeito Juraci Magalhães articulava a candidatura de José Maria Couto (PFL). No fim, Sarto teve apertada vitória contra um adversário nesta eleição - Heitor Férrer, na época do PDT.

Em 1994 e 1998, Sarto foi eleito e reeleito deputado estadual pelo PMDB. Depois disso foi para o partido de Ciro Gomes, o PPS. Em 2002, ficou como suplente, mas exerceu todo o mandato porque Mauro Filho se licenciou para ser secretário e, depois, Francisco Aguiar foi para o Tribunal de Contas. Foi eleito de novo em 2006, 2010, 2014 e 2018. No fim do governo Cid, virou líder num período atribulado, quando os indicadores de criminalidade disparavam, denúncias surgiam e a oposição ganhava o reforço de Eunício Oliveira (PMDB).

Várias vezes Sarto e seu grupo foram relegados a segundo plano. Elpídio Nogueira, irmão de Sarto, era sempre cotado para presidente da Câmara. Chegou a ser lançado em 2009, com apoio da então prefeita Luizianne Lins (PT), mas perdeu para o então dissidente petista Salmito Filho - agora preterido por Sarto na escolha do PDT. Nas eleições seguintes, o nome de Elpídio sempre aparecia, mas nunca era escolhido. Nunca foi o nome do grupo Ferreira Gomes. Sarto, da mesma forma, aparecia como possível presidente da Assembleia, mas várias vezes preterido. Nunca se rebelou.

No fim de 2018, um aliado de Sarto foi eleito na Câmara. Não foi o irmão dele, Elpídio, mas o vereador Antônio Henrique. Parecia, então, que ele já estava contemplado e ficaria para trás de novo em relação à Assembleia. Ocorre que também foi escolhido para o Legislativo estadual. Agora, é o nome para disputar a Prefeitura. Após longa espera, Sarto é o nome da vez no grupo Ferreira Gomes.

 

Foto do Érico Firmo

É análise política que você procura? Veio ao lugar certo. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.

O que você achou desse conteúdo?