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Avanço da Covid-19 não pressiona, ainda, rede pública
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Avanço da Covid-19 não pressiona, ainda, rede pública

Brasil possui mais de 100 milhões de pessoas com o ciclo vacinal completo (Foto: JOEL SAGET / AFP)
Foto: JOEL SAGET / AFP Brasil possui mais de 100 milhões de pessoas com o ciclo vacinal completo

O mundo e o Brasil travam corridas simultâneas. De um lado, a vacinação já começou em alguns países e por aqui agora tem data circulada no calendário. Do outro, nova onda de Covid-19 e novas variantes de coronavírus fazem crescer os casos da doença. A situação é dramática, pois quando a imunização se torna iminente, as perdas de vidas ainda se contam aos milhares. A vacinação não é solução instantânea. O Reino Unido, um dos primeiros a começar, tem ainda sofrido e voltou ao lockdown. A vacinação caminha num ritmo lento, em países que têm se preparado mais, corrido mais e demonstrado mais interesse que o Brasil. A consolidação da imunidade, como indivíduos e sociedade, é um processo. A Covid-19 ainda será uma presença ameaçadora durante muitos meses, talvez mais de ano.

Na virada de ano, a pandemia era tratada como assunto passado. Manaus volta a viver o pesadelo que parecia ter ficado para trás. Houve quem dissesse que a Cidade já teria alcançado "imunidade de rebanho" ou algo próximo. Hoje se sabe que é possível reinfecção, eventualmente até mais agressiva. Era um dos muitos despropósitos de quem achava que a pandemia seria superada de forma fácil, que a imunidade viria automaticamente. Ainda outro dia estava o presidente Jair Bolsonaro a dizer que não se vacinará porque já teve Covid-19, negando o sem-número de evidências em contrário. Em paralelo, o presidente coloca sob sigilo de até 100 anos seu cartão de vacinação. Enquanto muito seguidor de Bolsonaro vai realmente deixar de se vacinar para demarcar posição política.

Em entrevista ao colega Cláudio Ribeiro, o gerente da Célula de Vigilância Epidemiológica de Fortaleza, Antônio Lima Neto, o Tanta, comentou a natureza do crescimento dos casos de Covid-19 na capital cearense. Metade dos casos nessa segunda onda são de jovens de 20 a 39 anos dos bairros ricos. O pessoal que já circula intensamente, aglomera-se naquilo que Tanta chama "eventos superdisseminadores". Festas, bares e afins. A boa notícia é que, com pacientes jovens, o número de casos tem sido maior, mas as mortes não têm sido correspondentes.

E há o aspecto que considero mais importante na fala de Tanta. O aumento dos casos em Fortaleza, até o momento, atinge determinado perfil de público, em determinadas partes da Capital. O médico ilustra que é como se houvesse um muro que evita até aqui a propagação mais intensa para outras partes da Cidade. O desafio é impedir que haja rachaduras nesse muro.

"Nossa tarefa nesse momento é impedir que o vírus se propague para as áreas mais vulneráveis. E por enquanto a gente está conseguindo, pelas ações e sobretudo também por essa barreira que a gente não sabe até quando durará."

Tanta explica que o aumento de demanda que tem havido na rede privada de saúde, com UTIs lotadas, leitos ocupados, saturação das internações, não se verifica até o momento na rede pública. Não em proporção parecida. Por causa desse perfil de público. A questão é quanto dura.

Fortaleza tem visto piora do panorama da Covid-19, mas a situação pode se agravar muito se o crescimento do caso se espalhar para as áreas mais pobres, as populações mais vulneráveis, se a demanda for canalizada para a rede pública.

Imagens de terror com
vilões eleitos

As mortes avançam de forma galopante em Manaus. Pessoas morrem por falta de oxigênio hospitalar. Consegue imaginar quão desesperador isso pode ser? Isso num País em que pessoas seguem a negar a gravidade da doença que já matou mais de 200 mil. Pessoas com cargos públicos e poder, inclusive. O panorama de Manaus é de terror. E os vilões foram eleitos pelo povo. Algumas das vítimas votariam de novo, se vivas estivessem.

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