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Tempos difíceis
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Tempos difíceis

Tipo Opinião
Já como presidente, em setembro de 2016, Temer se encontrou em Nova York com Biden, de quem afirma que ficou amigo (Foto: Beto Barata/PR)
Foto: Beto Barata/PR Já como presidente, em setembro de 2016, Temer se encontrou em Nova York com Biden, de quem afirma que ficou amigo

Não bastasse a pandemia, que recrudesce, o cenário econômico complicado e com incertezas no horizonte, toda a instabilidade política por uma Presidência da República desqualificada, o prognóstico da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) aponta uma forte probabilidade de chuvas abaixo da média histórica: 50%. A distribuição, como quase sempre, deve ser desigual. E a tendência é chover mais onde menos precisa, e chover pouco onde água é mais necessária — no Centro-Sul, que inclui a bacia do Jaguaribe e o Castanhão. Há risco de regiões do Estado sofrerem com seca neste ano.

No tão difícil ano de 2020, ao menos as chuvas foram alívio para o cearense. Foi a melhor quadra chuvosa na década que terminou. O ano de 2021 carrega dores e dificuldades de 2020, mas acresce a perspectiva de problema.

Claro, é uma probabilidade, não é uma certeza. A Funceme não trabalha com cenários absolutos. Não é assim que funciona meteorologia. Foram apresentadas probabilidades: 50% de chance de chuvas abaixo da média. Outros 40% de chance de chuvas na média histórica. E ainda 10% de possibilidade de chuvas acima da média.

A Funceme, a despeito de piadas que só demonstram desconhecimento, está na ponta da ciência feita no Ceará e é referência no Brasil. Mesmo assim, não custa nada torcer para que a hipótese mais provável não se confirme. Os 40% de chance de chuva na média nem estão assim tão longe assim dos 50% de risco de precipitações abaixo da média.

Os 10% de possibilidade de chuva acima da média parecem uma improbabilidade, mas a esperança existe. Em que pese que, nos últimos oito anos, o prognóstico mais provável apontado pela Funceme sempre se confirmou.

Presidente da República Jair Bolsonaro cumprimenta o então presidente Donald Trump
Foto: Alan Santos/Presidência da República
Presidente da República Jair Bolsonaro cumprimenta o então presidente Donald Trump

Serventia

A vitória de Donald Trump inspirou a eleição de Jair Bolsonaro e, no governo, o presidente brasileiro transformou o ocupante da Casa Branca em inspiração que por vezes resvalou na bajulação. Ao final do governo Trump, pergunto-me qual proveito houve para o Brasil. Como deferências ao presidente dos Estados Unidos, Bolsonaro zerou imposto de importação sobre etanol americano. Comprometeu-se a abrir mão do status especial de país em desenvolvimento na Organização Mundial do Comércio (OMC) em troca de uma promessa de apoio para entrar na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), algo pelo qual Trump não moveu uma palha visível a olho nu. Bolsonaro também abriu mão da exigência de visto para americanos entrarem no Brasil — e, mais que isso, abriu mão do princípio diplomático de reciprocidade, pois o brasileiro não teve contrapartida para entrar nos Estados Unidos. Decisão que tem lógica turística, mas complicada no aspecto geopolítico. O que foi mesmo de concreto que o Brasil ganhou?

Já como presidente, em setembro de 2016, Temer se encontrou em Nova York com Biden, de quem afirma que ficou amigo
Foto: Beto Barata/PR
Já como presidente, em setembro de 2016, Temer se encontrou em Nova York com Biden, de quem afirma que ficou amigo

O "papel" de Biden no impeachment de Dilma

Curiosidade aleatória sobre o novo presidente dos Estados Unidos. Inadvertidamente, Joe Biden foi um dos fatores de descontentamento do então vice-presidente Michel Temer (MDB) contra a titular do mandato, Dilma Rousseff (PT). Na rumorosa carta divulgada em dezembro de 2015 ("Verba volant, scripta manent", lembra?), Temer dizia que Dilma não confiava nele. Um exemplo que elencou foi sobre a posse dela, na qual Temer apontou que Dilma se reuniu com Biden, então vice de Barack Obama, por duas horas. Mas, o vice brasileiro ficou fora. Temer achava que, em reunião com o vice de lá, o vice de cá deveria estar presente. Achou um desprestígio. Mencionou que os assessores de Biden deram por falta dele, Temer.

Ah, na carta o hoje ex-presidente comenta de passagem sobre Biden: "com quem construí boa amizade." Dois vices que, afinal, chegaram a presidente, mas de formas diferentes.

Aos americanos desejo mais sorte com Biden.

 

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