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Novas restrições podem não bastar
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Novas restrições podem não bastar

Tipo Opinião
Governador Camilo Santana, entre o secretário da Saúde, Dr Cabeto, e o prefeito de Fortaleza, Sarto Nogueira, ao anunciar medidas de restrições para conter os casos de Covid-19 (Foto:  Deisa Garcêz/Especial para O Povo)
Foto: Deisa Garcêz/Especial para O Povo Governador Camilo Santana, entre o secretário da Saúde, Dr Cabeto, e o prefeito de Fortaleza, Sarto Nogueira, ao anunciar medidas de restrições para conter os casos de Covid-19

Os indicadores sobre a Covid-19 pioram no Ceará. As internações aumentam. Inclusive, e de forma preocupante, as de crianças. Há duas semanas, o aumento de casos ainda não tinha se revertido em pressão proporcional na rede de saúde, nem em aumento correspondente do número de mortes. Mas isso mudou. Duas semanas atrás, a rede privada sentia o impacto. Agora, as UPAs já veem a pressão crescer. A situação estava agravada nas áreas mais ricas de Fortaleza, sobretudo o corredor Aldeota-Meireles. Agora, a disseminação se alastra por toda a cidade e também para outras regiões do Ceará. A rede de saúde já está pressionada. O próximo passo corre o risco de ser a alta das mortes.

O problema, ainda assim, é maior e mais grave em Fortaleza. A tentativa do Governo do Estado é evitar a propagação do atual nível de contágio da Capital para o Interior. Daí ter sido feita uma recomendação para que as pessoas evitem sair dos municípios onde estão. A orientação é para que só sejam feitas viagem a trabalho ou essenciais. Além disso, para desestimular as viagens as áreas de lazer de condomínios de praia estão proibidas de funcionar. Uma tentativa de impedir as festas que têm ocorrido nesses espaços e tornar menos atrativas eventuais viagens.

Eu ia viajar neste fim de semana. Meus pais fazem hoje 45 anos de casados (parabéns, dona Luzanira, parabéns, seu Cláudio) e ia levá-los a uma bela e deserta praia. Cancelamos. Felizmente, o governador Camilo Santana (PT) antecipou a reunião que decide sobre o decreto e a deixou bem a tempo de cancelar a hospedagem sem pagar a multa que haveria desde a 0 hora de hoje. A viagem ficará para outra ocasião. A comemoração será um bom almoço que pediremos em domicílio. Não sei quantas pessoas farão o mesmo e cancelarão suas viagens.

O peso da economia

O esforço do Governo do Estado, compreensível, é para evitar restrições ao funcionamento de estabelecimentos de comércio e serviços. O impacto econômico é grande, custa empregos. A pressão e o desgaste são enormes. As sequelas políticas com o segmento ainda persistem por causa da quarentena imposta no ano passado. Os restaurantes já ficam incomodados com as restrições de horário de funcionamento ainda em vigor. Se vem mais limitações, eventualmente um novo lockdown, o mundo vem abaixo. Porém, já há gente na área de saúde, e já há gente nas mesas de discussão que o governo promove, que defendem restringir o funcionamento de lojas e serviços.

Ocorre que, se as mortes aumentam, se os leitos hospitalares ficam lotados, vai ter de fechar, sim. Não tem paralelo na escala de prioridades. Se você fosse o governante, deixaria as pessoas morrerem sem fazer o que sugerem as autoridades de saúde? Assistiria os leitos ficarem lotados? Assumiria o risco de faltar oxigênio hospitalar, como se vê tragicamente em Manaus?

Camilo, ao anunciar as novas medidas, disse que não quer atingir atividades econômicas, mas que a situação seguirá sendo analisada. Ele já deixou claro que novas restrições estão na mesa e poderão vir a ser adotadas. A jornalista Ana Rute Ramires, aqui do O POVO, questionou o governador, na entrevista coletiva, sobre qual limite é esse. Até que ponto se preserva a economia em relação à pandemia. A análise, ele respondeu, seguirá semana a semana. Caso o quadro siga se agravando, mais restrições virão.

Sinalização prévia

No caso de um eventual aumento de restrições vir a acontecer no futuro, o governador, com o gesto de ontem, terá dado recado ao mercado de que fez o possível para tentar evitar mais restrições. Ontem, ele tentou conter a pandemia. Se não conseguir isso, terá ao menos iniciado a preparação de terreno para um novo período de complicação.

Aliás, um recado a todos. Se a intenção é evitar nova quarentena, não ter novamente estabelecimentos comerciais e de serviços fechados, evitar nova onda de desemprego e recessão, cabe a cada um evitar aglomerações, circular o mínimo possível e ficar em casa tanto quanto puder. Quanto mais o vírus circular, mais perto estará um novo lockdown.

 

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