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A nova leva das vacinas contra Covid-19
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

A nova leva das vacinas contra Covid-19

Tipo Opinião
A vacina que chegou só dá para parte das prioridades  (Foto: FCO FONTENELE)
Foto: FCO FONTENELE A vacina que chegou só dá para parte das prioridades

A semana começou com a largada na vacinação, de forma muito significativa, embora localizada. Estão sendo vacinadas as prioridades dentro dos grupos das primeiras prioridades — e, claro, os espertos. Começou-se a proteção aos mais expostos entre os mais expostos, mas nem se arranhou a construção da imunidade. Nesse sentido, o dia de ontem foi de boas notícias. Chegaram ao Brasil dois milhões de doses da vacina Oxford/AstraZeneca, depois do imbróglio com a Índia.

Na mesma tarde, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o uso de 4,1 milhões de doses da Coronavac. E desta vez com uma diferença em relação às vacinas que já vêm sendo aplicadas. As seis milhões de doses iniciais chegaram prontas da China. Agora, o lote aprovado é de vacinas cuja matéria-prima foi enviada pela Sinovac ao Butantan, que finalizou a produção e envasou as 4,1 milhões de doses.

Há algumas ótimas notícias aí. O Brasil iniciou a vacinação com seis milhões de doses e tem agora 6,1 milhões de novas doses. A capacidade de vacinação inicial mais que dobra. Ainda é pouco. Ainda não vai dar, no Ceará, nem para completar o primeiro dos quatro grupos de prioridades. Mas, ainda é mais que o dobro das pessoas.

E, melhor ainda é a notícia do início da produção, ou finalização, de vacina no Brasil. Só assim, com produção local, será possível pensar em imunização em massa. Ainda está longe. Depende de um grande gargalo: os insumos que chegam de fora. Mas mais longe já esteve.

A popularidade do presidente

Em franca recuperação desde a metade do ano, a avaliação de Jair Bolsonaro deu um cavalo de pau de dezembro para janeiro. O percentual de ótimo ou bom caiu de 37% para 31% no Datafolha. Ruim e péssimo subiu de 32% para 40%. Como entender estes números?

Havia uma questão que já era cantada: o fim do auxílio emergencial. Certamente tem impacto. Ocorre que tem gente ainda recebendo as últimas parcelas. O impacto do auxílio, vê-se nas mesmas pesquisas desde meados do ano passado, não é desprezível, bem ao contrário.

Porém, parece-me que os recentes atos do Governo Federal neste início de vacinação jogaram muito contra Bolsonaro. O presidente, desgraçadamente, conseguiu semear em parte da população a desconfiança em relação a vacinas que terá um custo muito alto e não se restringirá à Covid-19. Mas a maioria da população brasileira confia em vacinas e isso não mudou, felizmente. Os mais velhos viram a transição na expectativa e na mortalidade a partir das campanhas de vacinação. Os mais novos foram vacinados e informados pelos pais da importância.

O presidente sempre disse que era importante proteger a economia. Quando surge o meio mais eficaz para isso — a vacina — vê-se uma postura de pouco caso e de dizer que é melhor esperar as pessoas adoecerem para tratar com medicação sem resultado comprovado do que imunizar e evitar a pessoa de adoecer. Ficou claro que o presidente queria mais era fazer enfrentamento ideológico. E ficou escancarado que o governo não tinha um plano, era um vazio. O impacto tem sido grande.

Bolsonaro não está morto. Tem uma base radical ao lado dele que é fiel e barulhenta. Sabe que é importante alimentá-la pois, na eleição, o poder de propagação é enorme. Todavia, o presidente está abalado.

Os apoiadores do presidente dão pouca bola. Não confiam em pesquisas, em que pese o Datafolha ter acertado os 55% de votos que teve no 2º turno em 2018 (o Ibope deu 54%).

Inclusive, é interessantíssimo: a base do Bolsonaro não aceita pesquisa e o próprio presidente já disse em 2018 e demonstra ainda mais fortemente para 2022 que, se perder a eleição, também não reconhece a derrota. Ou seja, o bolsonarismo não aceita nenhuma medida que indique reprovação, nem pesquisa nem eleição. Para esse grupo, a aprovação e a correção de Bolsonaro é uma verdade inequívoca e não há instância capaz de contrariar isto.

 

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