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Algo de estranho ocorre no Eusébio
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Algo de estranho ocorre no Eusébio

Tipo Opinião
 Eusébio ficou pequeno para as articulações de Acilon Gonçalves (Foto: Alex Gomes/ Especial para O POVO)
Foto: Alex Gomes/ Especial para O POVO  Eusébio ficou pequeno para as articulações de Acilon Gonçalves

 Praça Ivens Dias Branco, no município do Eusébio
Foto: Aurelio Alves/O POVO
Praça Ivens Dias Branco, no município do Eusébio

O Município de Eusébio vive um turbilhão político neste começo de 2021. O município emancipado de Aquiraz há 32 anos tem a maior renda per capita do Ceará, local de condomínios luxuosos, refúgio de parte da elite de Fortaleza que busca moradia tranquila, longe do burburinho da Capital. Na última eleição, o comandante político do Município esteve entre os líderes que mais se fortaleceram no Estado. Acilon Gonçalves, à frente do Partido Liberal (PL), reelegeu-se com vantagem acachapante. Além disso, consolidou significativa hegemonia a leste de Fortaleza. Elegeu o filho, o ex-deputado estadual Bruno Gonçalves (PL), prefeito de Aquiraz. E ainda emplacou os aliados Paulo César Feitosa (PL) como prefeito em Itaitinga, Michele Queiroz (PL) em Beberibe, Tiago Ribeiro (Cidadania) em Cascavel e Dedé Soldado (PL) em Pindoretama. Teve como revés o fato de a esposa, Marta Gonçalves (PL), não ter conseguido se reeleger vereadora em Fortaleza. O partido elegeu dois parlamentares e ela ficou em terceiro lugar. Mas, não há de ser nada, visto que ela não foi uma presença propriamente frequente na Câmara ao longo do mandato. Não deverá sentir muita falta. É capaz de ganhar algum em algum governo mais uma vez, como ocorreu na gestão Roberto Cláudio (PDT), na qual foi coordenadora de Políticas sobre Drogas da Prefeitura.

Leia também | A nova configuração das forças políticas no Ceará após as eleições 2020

Ocorre que, no intervalo de uma semana, a Prefeitura de Eusébio foi alvo duas vezes de operação do Ministério Público. Só ontem prenderam dois engenheiros e um empresário. Um funcionário da Prefeitura foi afastado da função. A denúncia é de fraude em licitações com uso de laranjas e manipulação de concorrência. Desta vez teria sido no aluguel de maquinário pesado para obras, mas a a mesma operação também investiga suspeita de fraudes em licitações ou dispensa de licitações para serviços gráficos e alimentação — daí o batismo Operação Banquete.

As investigações começaram em 2019. Desde que a operação foi tornada pública, em 19 de agosto de 2020, foram presas 17 pessoas e houve seis afastamentos de agentes públicos. Seis pessoas que tinham cargo. É muita gente.

Neste meio tempo, entre uma fase da operação e outra, Acilon ficou sem vice. Na quarta-feira, Lucinha Feitosa (DEM) abriu mão da função de vice-prefeita. Citou impedimentos para que ela e familiares fizessem negócios com várias empresas. Não explicou muita coisa. Pode ter sido gesto até de desprendimento, para não confundir as coisas. Mas, ficou estranho. Ela não sabia disso antes de ser candidata? Descobriu depois de meio mês no cargo? Como ela não deu esclarecimentos mais aprofundados, ficou a dúvida no ar. Ainda mais em meio a tanta turbulência e complicações da administração com o Ministério Público.

A confusão vinha de pouco antes. Em julho do ano passado, vazou áudio do filho de Acilon, o agora prefeito de Aquiraz Bruno Gonçalves, oferecendo dinheiro a um pré-candidato a vereador em troca de apoio. O assunto foi objeto de denúncias formalizadas, até hoje sem desdobramentos concretos.

 Eusébio ficou pequeno para as articulações de Acilon Gonçalves
Foto: Alex Gomes/ Especial para O POVO
Eusébio ficou pequeno para as articulações de Acilon Gonçalves

O papel de Acilon

O desempenho eleitoral de Acilon e seus aliados em 2020, a voracidade com a qual o PL entrou nas últimas eleições e o resultado obtido são sinalização de quem pensa além da Prefeitura do Eusébio. Acilon está no quarto mandato. De longe o líder político mais poderoso desde a emancipação do Município, em 1987. Em 1997, ele foi vereador de Fortaleza pelo PMDB, ele abriu dissidência na base do então prefeito Juraci Magalhães e derrotou José Maria Couto, do próprio PMDB, na disputa pela presidência da Câmara Municipal, contrariando o à época poderoso prefeito da Capital. Em 1998, elegeu-se deputado estadual. Curiosamente, em 2002 não foi candidato. Voltou do recesso como prefeito de Eusébio. Ao montar rede de prefeitos agora, movimenta-se como quem quer ir além.

O que se especula é que Acilon miraria uma vaga talvez de senador. Quem sabe vice-governador. No mínimo deputado federal.

O que pode atrapalhar são essas incursões policiais na gestão.

 

Foto do Érico Firmo

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