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Cearenses com influência na nova ordem na Câmara
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Cearenses com influência na nova ordem na Câmara

Tipo Opinião
Capitão Wagner, AJ Albuquerque, Arthur Lira e Domingos Neto (Foto: JÚLIO CAESAR)
Foto: JÚLIO CAESAR Capitão Wagner, AJ Albuquerque, Arthur Lira e Domingos Neto

A eleição de Arthur Lira (PP-AL) para presidente da Câmara dos Deputados representa uma derrota para a maioria dos deputados federais cearenses. Na bancada, o adversário, Baleia Rossi (MDB-SP), teve declarados pelo menos 12 dos 22 votos. Em 13 de janeiro, Rossi foi recebido no Palácio da Abolição pelo governador Camilo Santana (PT). O senador Cid Gomes (PDT) foi lá para prestigiar o evento, ao qual estava presente o agora ex-presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que articulou pró-Baleia. Porém, Lira também teve seus apoios na bancada do Estado. Alguns bem representativos, e que ganham peso na interlocução com o homem que passa a ser o segundo na linha de sucessão do presidente Jair Bolsonaro.

Entre governos

No dia seguinte à visita de Baleia, Arthur Lira aportou em Fortaleza, sem a recepção governamental. Na entrevista coletiva, à direita dele, estava sentado o deputado federal AJ Albuquerque (PP), que se tornou um dos principais articuladores de Lira no Estado. À esquerda, Domingos Filho (PSD). À direita de AJ, estava Capitão Wagner (Pros).

Correligionário de Lira, AJ Albuquerque ganha proeminência com o novo presidente da Câmara. Ele é filho do deputado estadual licenciado Zezinho Albuquerque (PDT), atualmente secretário das Cidades de Camilo Santana (PT). AJ é filiado ao PP de Lira, sigla que, no Ceará, é satélite do grupo Ferreira Gomes e controlada por Zezinho. No Estado, a condução da legenda é clara. Mas, em Brasília, AJ alça voos de forma autônoma. E causa incômodos para os lados de Sobral.

Zezinho, por sua vez, emite alguns sinais de que não estaria muito satisfeito na Secretaria das Cidades. Em que pese a pasta ser uma máquina de obras, com intervenção pulverizada nos 184 municípios. Mas Zezinho já foi três vezes presidente da Assembleia, de forma consecutiva. Ninguém nunca comandou o Legislativo cearense por tanto tempo. Já teve mais protagonismo na política estadual. Ele sempre foi visto como um articulador político crucial no grupo Ferreira Gomes. A pessoa que tem na cabeça o mapa eleitoral e de apoios nos municípios. Os movimentos cada vez mais autônomos de AJ indicam que há na família certo desalinhamento em relação às posições nacionais do grupo.

Leia também | O candidato que une Bolsonaro, o PT e os Ferreira Gomes

Aliás, chama atenção o crescimento político de AJ em Brasília. Deputado federal em primeiro mandato, ele se move com desenvoltura. Vem de uma realidade bem menos cosmopolita. Entre 2013 e 2016, foi prefeito de Massapê. Em 2016, ainda com o nome político Antonio José, perdeu a reeleição para o tio, João Jacques Albuquerque, que, neste ano, perdeu a própria reeleição para a sobrinha Aline Albuquerque, irmã de AJ.

Domingos Neto é outro governista no Ceará e em Brasília também — em que pesem serem governos de linhas bem opostas. É próximo ao Governo Bolsonaro, mas a família faz política no Ceará ao lado dos Ferreira Gomes e do governador Camilo Santana. Isso de 2018 para cá, após terem rompido feio em 2016 e 2017, em movimento que vitimou o hoje extinto Tribunal de Contas dos Municípios (TCM).

Horizontes

Curiosamente, Domingos Neto, assim como AJ, é filho de um dos políticos que disputaram a indicação para concorrer a governador na base governista em 2014. Zezinho era pré-candidato, assim como Domingos Filho (PSD). O escolhido não foi nenhum deles, mas sim Camilo Santana.

Hoje, os dois ex-pré-candidatos da base governista se alinham em Brasília com o principal opositor do Estado, Capitão Wagner (Pros). Os três se tornam interlocutores importantes com o novo presidente da Câmara. Como os dois primeiros são da base aliada no Ceará, quem sabe podem até, via Câmara, abrir portas tão obstruídas para o governo do Ceará em Brasília. Quem sabe.

 

Foto do Érico Firmo

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