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A cobrança que os governadores precisam fazer
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

A cobrança que os governadores precisam fazer

Anvisa aponta falta de transparência e informações dos russos. Se apresentaram os dados necessários, é fácil provar: que sejam tornados públicos
Tipo Opinião
Senador Eduardo Girão (Foto: Pedro França/Agência Senado)
Foto: Pedro França/Agência Senado Senador Eduardo Girão

Os governadores do Nordeste reagem contrariados ao veto à vacina Sputnik V pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Eles se reuniram com representantes da vacina russa. Camilo Santana (PT) manifestou estranheza em relação à decisão da Anvisa. Espero que eles tenham conseguido esclarecer coisas também estranhar que os diretores da agência apontaram sobre a fabricante russa. Não vou entrar aqui no debate técnico, bioquímico. Não tenho o menor conhecimento a respeito. Porém, entendi com muita clareza que os diretores apontaram falta de transparência e sonegação de informações que eles julgam essenciais.

O coordenador do Fórum de Governadores do Nordeste, o governador do Piauí, Wellington Dias (PT), disse que os técnicos que representam o governo russo garantiram que a vacina é segura. Isso é óbvio. São os vendedores. Você já viu algum vendedor dizer que o produto dele é inseguro? Nem eu. A questão é: apresentaram as informações ou não? Isso deve ser cobrado.

Quem quer fornecer a vacina para imunizar a população brasileiro tem de estar disposto a ser transparente e agir de forma aberta. Não é a prática do regime de Vladimir Putin. Aliás, essa vacina teve uma trajetória que causou estranheza. Foi anunciada ainda em agosto do ano passado, antes de cumprir as etapas necessárias. O Brasil precisa ser altivo e exigir tais práticas. Os governadores devem exigir que todas as informações demandadas pela Anvisa sejam apresentadas.

Wellington Dias disse ainda que os governadores esperam que os russos respondam aos pontos questionados pela agência. Essa é a questão. Não adianta ficar batendo boca com a Anvisa. Se as informações pedidas foram disponibilizadas, é fácil comprovar e expor o equívoco dos diretores: coloquem online. Exponham.

Todos nós queremos vacina o quanto antes. Mas, não de qualquer jeito. Há critérios mínimos que devem ser cumpridos. Se fosse eu o responsável por dizer se uma vacina é segura ou não para aplicar no povo do meu País, eu iria querer estar muito bem subsidiado de informações.

Resposta da Anvisa

Pareceu-me haver elementos consistentes na decisão da Anvisa. Mas, na entrelinha ou não tanto estava uma resposta à pressão feita por via judicial para a decisão sair logo. Pressa o Brasil tem, o mundo tem. Não é por nada. A questão que os diretores colocaram é: se tivessem mais tempo, seguiriam buscando o que falta. Se têm de responder de imediato, a resposta é não.

Não digo que isso tenha sido determinante, mas foi fator que me pareceu ter reforçar a posição da diretoria, que temeu ainda um precedente que pode mesmo ser complicado.

 Eduardo Girão (Podemos) teve três votos na disputa pelo comando da CPI
Foto: Pedro França/Agência Senado
Eduardo Girão (Podemos) teve três votos na disputa pelo comando da CPI

CPI é outro espetáculo de despreparo do governo

O governo Jair Bolsonaro é despreparado, ponto. Para o que quer que seja. É assim no combate à pandemia de Covid-19 e começa assim na CPI que investiga o péssimo combate à pandemia de Covid-19. A base governista dormiu no ponto na composição da CPI. Ontem, no início dos trabalhos, contavam com 4 dos 11 votos no cearense Luis Eduardo Girão (Podemos) para comandar a comissão. Tiveram 3. Ciro Nogueira (PP), bolsonarista convicto, votou em Omar Aziz (PSD-AM).

A tentativa de impedir judicialmente Renan Calheiros (MDB-AL) de ser relator naufragou. Já escrevi que, enrolado como é em acusações, Calheiros não tem condições de ser relator de CPI nenhuma. Pior ainda esta, que pode ter como alvo o filho dele, governador de Alagoas. Mas, ele assumiu o posto com ataques duros ao governo.

"No pior dia da Covid, em apenas quatro horas o número de brasileiros mortos foi igual a todos que tombaram nos campos de batalha da Segunda Guerra. O que teria acontecido se tivéssemos enviado um infectologista para comandar nossas tropas? Provavelmente um morticínio." É uma referência ao fato de o general Eduardo Pazuello ter sido colocado no Ministério da Saúde no meio da pandemia. O ataque aí não me parece ao ex-ministro, mas a quem o colocou lá.

Ouça o podcast Jogo Político:

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