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Relação PT e PDT depois da fala de Ciro
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Relação PT e PDT depois da fala de Ciro

Como fica a aliança depois da recente crise
Tipo Opinião
Luizianne Lins foi reeleita para o terceiro mandato na Câmara dos deputados  (Foto: FÁBIO LIMA)
Foto: FÁBIO LIMA Luizianne Lins foi reeleita para o terceiro mandato na Câmara dos deputados

A resposta do PT a Ciro Gomes (PDT) foi dura, incisiva, mas foi a manifestação de quem quer manter a aliança. A postura do PT em relação às críticas de Ciro tem sido a de relevar, de certa forma. Por ser no Ceará, por haver aliança entre os grupos desde 2006, não é tão simples fazer de conta que não ouviu. Entre a terça e a quarta-feira, os bastidores petistas no Ceará, em linha com a direção nacional, entraram em ebulição sobre o tom da resposta.

A fala de Ciro, na véspera, havia sido a de quem está disposto, sim, ao rompimento. O PT bate em Ciro, de forma dura. Defende Luizianne Lins, principal alvo do pedetista. Mas talvez o cerne da nota seja a defesa da aliança. Critica Ciro inclusive pelo problema que causa para o entendimento.

A manifestação de Ciro foi muito contundente contra a tentativa de veto do PT a Roberto Cláudio (PDT). Na disputa interna, foi uma sinalização muito forte a favor do ex-prefeito. O recado que ele dá é de que não está disposto a ceder às vontades do PT. Está disposto ao rompimento. Há duas possibilidades: ou quer romper mesmo para conduzir a candidatura da forma que acha melhor, ou acredita que op PT não tem alternativa real, não deixará uma opção competitiva e o partido acabará acatando o que for definido.
Porém, se o entendimento for esse último, de que o PT acabará cedendo, Ciro não precisava dar o recado que deu. Bastaria ir conduzindo a decisão. A reação soa como de alguém que sentiu a pressão vinda do partido.

Na nota, o PT afirma que, diante do que considera inviabilidade da candidatura presidencial pedetista o faz se voltar para o Ceará, na tentativa, diz a legenda, de “impor uma candidatura ao governo do estado à sua imagem e semelhança.”

Ciro fez questão de diferenciar o ex-governador Camilo Santana do que chama “lado corrupto” do PT Ceará. O partido respondeu citando a entrevista exclusiva de Camilo ao O POVO, publicada na quarta-feira, na qual o petista ex-governador afirma: “Não existe aliança nem projeto de um partido só”.

Agora fora do cargo de governador, Camilo se mostra à vontade para se posicionar. O recado que ele deu foi para dentro da aliança, em particular para o PDT. E para os líderes. A entrevista era feita quase simultaneamente às declarações de Ciro. Ele ainda chegou a ser perguntado. Sem ter conhecimento do assunto — e ainda sem a repercussão que alcançaria — ele comentou de forma genérica, defendendo responsabilidade, serenidade, diálogo.

Disputa presidencial no Ceará

A nota do PT aponta um aspecto que o principal líder petista no Ceará, deputado José Guimarães, já havia falado em entrevista: Ciro estaria em terceiro na disputa presidencial no Ceará. Atrás de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e de Jair Bolsonaro (PL). Vale lembrar, Ciro foi candidato a presidente três vezes, em 1998, 2002 e 2018. No Ceará, foi o mais votado em todas. A campanha nem começou e Ciro certamente é muito competitivo no Ceará. Se acontece, de fato, de ele ficar em terceiro, seria uma reviravolta política histórica.

Posições

Um aspecto que não passou despercebido na crítica de Ciro a Luizianne Lins: “Dona Luizianne, já na eleição passada, se omitiu no enfrentamento do Capitão porque está lá entranhada com ele.” Ele falava do segundo turno de 2020, quando a petista, ao se julgar agredida pela campanha de José Sarto (PDT), não se posicionou. Não foi tão diferente e Ciro Gomes e a famosa viagem a Paris em 2018, quando não pediu voto em Fernando Haddad (PT) contra Jair Bolsonaro, coisa que muito petista não perdoa.

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