Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
A nota do PT não chegou a ser suave contra Ciro Gomes (PDT), mas tampouco deu a medida da tensão interna estabelecida após as declarações do pedetista. A questão não ficou no Ceará. Foi tratada com a direção nacional do PT. E, conforme informações dos repórteres Carlos Holanda e Henrique Araújo, Luiz Inácio Lula da Silva entrou nas conversas. Não se trata apenas de uma questão local. O Ceará é o esparadrapo colocado para unir os dois lados da relação fraturada entre PT e Ciro Gomes. Um esparadrapo roto, envelhecido, enxovalhado, mas o que resta.
É, também, estratégia do PT não esticar a corda para o rompimento. O também é porque, de fato, o partido não quer romper e não quer demonstrar que quer romper. Porém, hoje, a possibilidade está no horizonte petista, embora distante.
Lula se reuniu virtualmente com os três deputados federais petistas. A novidade foi José Guimarães se colocar como pré-candidato a governador. Luizianne Lins e José Airton Cirilo já brigavam pela candidatura própria.
Não cravo que o PT irá romper se o PDT escolher Roberto Cláudio como candidato, mas me parece cada vez mais difícil se manter o entendimento. Petistas também asseguram que nenhuma decisão será tomada contrariando o ex-governador Camilo Santana. Haverá conversas com a direção nacional do PDT.
Nas últimas semanas, vozes petistas — notadamente Guimarães — verbalizavam a hipótese de não apoiar o PDT. A fala de Ciro deu ao PT a possibilidade de não ser o agente do eventual rompimento. De passar a mensagem de que o fim da aliança, se ocorrer, será resultado das ações do principal líder pedetista. Para isso, contribuiu o acordo que houve para o PT sair unido da reunião de quarta-feira, com a nota divulgada. Havia outras posições. José Airton já queria pautar o rompimento. Não tinha votos e exporia a divisão da sigla.
Não parece ser a intenção do PT o rompimento. Certamente não é a do PDT. Mas, se para manter a aliança o PDT entender que precisará abrir mão do controle do projeto político, os Ferreira Gomes podem optar por outro caminho. E a política do Ceará será reescrita.
Rompimentos nem, sempre ocorrem porque um dos lados assim quer. Lembro o que ocorreu em 2010. Cid Gomes era governador e se equilibrava numa aliança mais instável que a atual. Reunia PSDB, PT e ainda o PMDB, antes de perder o P. Todos com interesses conflitantes. O que fez Cid? Aplicou a receita que tem para quase todos os problemas: esperou. Observou. Deixou os acontecimentos transcorrerem. Até que Tasso cansou de esperar. Percebeu que, pelo cronograma de Cid, ficaria sem opção quando a decisão fosse tomada. E decidiu romper.
Em entrevista ao jornalista Guálter George e a mim, depois do primeiro turno, Cid disse que Tasso se precipitou. Que ele tentava administrar as coisas para manter a aliança.
O estilo do PT não é de esperar. Vamos ver quem se move antes, os Ferreira Gomes ou os petistas. Até porque há um novo elemento inserido e se chama Camilo Santana.
O destino do PSDB
Vale lembrar, Tasso decidiu romper, enfrentou o grupo governista. Acabou derrotado para o Senado e Cid se reelegeu governador no primeiro turno. Um ano depois da eleição, longe do governismo, o PSDB implodiu. Hoje se reaproxima do governo.
Não significa que um eventual rompimento do PT terá consequências iguais, até porque a conjuntura é diferente, e os partidos também. Mas, deixar o governismo tem custo e muitos políticos não topam pagar.
É análise política que você procura? Veio ao lugar certo. Acesse minha página
e clique no sino para receber notificações.
Esse conteúdo é de acesso exclusivo aos assinantes do OP+
Filmes, documentários, clube de descontos, reportagens, colunistas, jornal e muito mais
Conteúdo exclusivo para assinantes do OPOVO+. Já é assinante?
Entrar.
Estamos disponibilizando gratuitamente um conteúdo de acesso exclusivo de assinantes. Para mais colunas, vídeos e reportagens especiais como essas assine OPOVO +.