Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
Foto: José Cruz/Agência Brasil
O ex-ministro Ricardo Salles
A base do governo Lula (PT) precisará de capacidade de articulação ainda não demonstrada para não ser atropelada nas CPIs. Em relação à CPMI dos atos golpistas de 8 de janeiro, o presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), quer o deputado Arthur Maia (União Brasil-BA) na presidência. Governistas resistem, pois Maia é adversário na Bahia, ligado a ACM Neto. Em função disso, o Centrão se aproxima do PL para tentar emplacá-lo. Pior ainda para o governo é o cenário da CPI do MST. A articulação mais avançada para garantir a relatoria é de Ricardo Salles (PL-SP), ex-ministro do Meio Ambiente de Jair Bolsonaro (PL) que caiu ao ser investigado pela Polícia Federal pela suspeita de favorecer ao contrabando de madeira.
O caminho da interlocução com Elmano
Uma coisa chama atenção, do ponto de vista da relação política, no comentário do governador Elmano de Freitas (PT) sobre o pedido do prefeito José Sarto (PDT) para que eles se reúnam. O petista sinalizou que haverá o momento de estar com o pedetista, mas a interlocução já vem sendo feita via Poder Legislativo.
"Estou me reunindo com os deputados que representam os municípios, para poder nós destravarmos todas as partes financeiras de obras que estavam em execução, de convênios com os municípios. Estou me reunindo com cinco, seis deputados por dia recentemente e eles estão trazendo exatamente as pautas dos municípios", afirmou Elmano, acrescentando: “Isso significa que em algum momento, certamente, nós teremos demandas de Fortaleza e nós vamos desenrolar esses problemas".
O que isso significa politicamente? O governador sinaliza ao prefeito que o canal para ele é via deputados. O que significa que as portas podem ser abertas por intermédio dos aliados de Sarto na Assembleia Legislativa. Queiroz Filho, Cláudio Pinho e Antônio Henrique têm votado recorrentemente contra o governador.
O debate emocional sobre o aborto
O debate sobre aborto é complexo e delicado. O embate entre o senador cearense Luis Eduardo Girão (Novo) e o ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, deu visibilidade a um dos instrumentos de visibilidade usados pelo movimento contra o aborto. Girão costuma distribuir os bonequinhos de fetos. O ministro acertou ao cobrar que se voltasse ao debate e não ao aspecto performático. Essa discussão no Brasil é feita de forma emocional. E é explorada eleitoralmente nesse sentido. Sem muita reflexão ou conteúdo. E, repare, não estou dizendo que não há conteúdo e argumentos nos vários lados dessa questão. Pode-se discordar, mas Girão atuava nessa pauta muito antes de ser político e tem formulação a respeito. Pode passar horas falando a respeito, independentemente do juízo que se faça sobre o que ele tem a dizer. Porém, muitas vezes a questão é levada para o debate político e eleitoral de forma absolutamente emocional e rasa, de forma a despertar reações extremas. É a isso que serve o bonequinho que Silvio Almeida recusou.
Não foi isso que elegeu Girão senador. Foi um pouco do fator Bolsonaro em 2018 e muito da relação conflituosa de Ciro Gomes (PDT) com Eunício Oliveira (MDB), que minou este último. O hoje senador do Novo talvez superestime o peso do discurso em relação ao aborto e, por influência dele, a campanha da aliada Kamila Cardoso (Avante) apostou forte no tema na campanha do ano passado para o Senado. Não evitou que Camilo Santana (PT) fosse eleito com votação recorde.
Uma questão fundamental nesse debate é como lidar com o problema de saúde pública.A política sobre aborto está evitando mulheres de abortarem? O que fazer com as mulheres que abortam? Colocar na cadeia? Se o número de abortos for o apontado pelo movimento, quantos presídios precisarão ser construídos? O ativismo contra aborto está salvando vidas? Ou colocando-as em risco pelas condições a que se submetem?
É análise política que você procura? Veio ao lugar certo. Acesse minha página
e clique no sino para receber notificações.
Esse conteúdo é de acesso exclusivo aos assinantes do OP+
Filmes, documentários, clube de descontos, reportagens, colunistas, jornal e muito mais
Conteúdo exclusivo para assinantes do OPOVO+. Já é assinante?
Entrar.
Estamos disponibilizando gratuitamente um conteúdo de acesso exclusivo de assinantes. Para mais colunas, vídeos e reportagens especiais como essas assine OPOVO +.