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Eleição para diretório municipal muda correlação no PT em Fortaleza
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Eleição para diretório municipal muda correlação no PT em Fortaleza

Tipo Opinião
Guilherme Sampaio e Raimundinho fazem segundo turno da eleição do PT  (Foto: JÚLIO CAESAR)
Foto: JÚLIO CAESAR Guilherme Sampaio e Raimundinho fazem segundo turno da eleição do PT

A eleição no PT Fortaleza trouxe uma realidade diferente. O vereador Guilherme Sampaio ficou em primeiro lugar, à frente de Raimundo Ângelo, candidato que tem apoio de Luizianne Lins e José Guimarães. Os dois deputados federais são os principais líderes do partido no Estado. Desde o fim do século passado, ela tem maioria no PT de Fortaleza e ele, no partido no Ceará. Já bateram de frente muitas vezes. Quando se uniram nesta eleição, parecia que a vitória de Raimundinho para um novo mandato seria barbada. Não foi. Haverá segundo turno.

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Guilherme já foi muito próximo a Luizianne. Foi líder quando ela era prefeita. Desta vez, optou por caminho próprio. O discurso que faz é conciliador e sem confronto. Não está eleito. A disputa foi parelha: Guilherme teve 1.480 votos, Raimundinho teve 1.347. Diferença de 133 votos.

Com apoio do deputado estadual Acrísio Sena e do deputado federal José Airton Cirilo, Liliane Araújo também teve desempenho notável, com 933 votos. Como costuma ocorrer quando um primeiro turno tem três candidatos, o segundo turno será decidido pela migração dos votos da terceira colocada. Haverá muitas conversas e entendimentos. Mas, o caminho mais provável dos votos de Liliane são em direção a Guilherme.

Luizianne e Guimarães ainda podem garantir o comando municipal. Na direção estadual, a recondução de Antonio Filho, o Conin, à presidência é barbada. Com as bênçãos de Guimarães e apoio da ex-prefeita. Em Fortaleza, o cenário muda.

Há reflexo evidente da conjuntura nacional, com Jair Bolsonaro (PSL) no poder e a esquerda em busca de rumo. Os grupos tradicionais seguem como os mais poderosos e influentes, mas busca-se opções que possam arejar o ambiente do partido.

Guilherme Sampaio e Raimundinho fazem segundo turno da eleição do PT
Guilherme Sampaio e Raimundinho fazem segundo turno da eleição do PT

Projeto 2020

Seja com Raimundinho ou com Guilherme, é improvável qualquer rumo do PT de Fortaleza que não seja a candidatura própria a prefeito.

Nesse sentido, chama atenção a falta de envolvimento visível a olho nu de Camilo Santana nas definições internas da legenda. Tão habilidoso em articulações, ele atua em outras arenas. Em poucas parece tão pouco à vontade quanto o próprio partido.

Como em 2016, Camilo preferiria acordo com Roberto Cláudio. A eleição interna não sinaliza para isso. Mas, o governador está mais forte hoje e não se sabe se ficará apenas assistindo.

Dissidência

Uma coisa que os números evidenciam: aliados de Luizianne e Guimarães votaram em Guilherme. Os filiados ao PT votaram para presidente e também em chapas para a direção. Os cargos serão preenchidos proporcionalmente aos votos de cada grupo. Pois bem, para a direção municipal, a chapa de Guilherme teve 1.364 votos. A de Luizianne, 905. A de Guimarães, 631. Somados, Luizianne e Guimarães tiveram 1.536 votos. Então, 189 votantes de Luizianne ou Guimarães não foram com o candidato deles.

Talvez aliados de Luizianne tenham preferido Guilherme pela proximidade de tantos anos. Ou, talvez, os apoiadores de Guimarães tenham visto no vereador alguém mais palatável que Raimundinho. Afinal, os embates com o pessoal de Luizianne em Fortaleza são tradicionais.

Cenário vem mudando

O tradicional cenário de hegemonia absoluta do grupo de Luizianne já havia mudado. Na eleição anterior, em 2017, Acrísio Sena concorreu com apoio de Guimarães e ficou na frente de Deodato Ramalho, candidato de Luizianne, por diferença de três votos. Foi uma confusão e o grupo da ex-prefeita denunciou que teria havido interferência de Roberto Cláudio na eleição. Foi apresentado recurso às instâncias estaduais e nacionais de partido. No fim, uma solução salomônica: Acrísio ficou no cargo por um ano e Deodato por outro.

Foto do Érico Firmo

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