Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
A atual onda de ataques no Ceará, pela primeira vez em mais de uma década, exige dos grupos criminosos novas formas de comunicação. Durante muito tempo, as grandes ações eram ordenadas de dentro dos presídios. A desmoralização era do Estado, que prendia, mas não se mostrava capaz de impedir que os presos continuassem a comandar as ações. No primeiro mês de mandato, em 2015, o governador Camilo Santana (PT) reconhecia a situação. Desde a onda de ataques em janeiro, a situação mudou. Ainda existem celulares dentro das prisões, mas não é como antes. Então, segundo os investigadores, a ordem dos ataques a partir dos presídios é enviada principalmente por quem visita os detentos. Fundamentalmente, advogados e familiares.
Pela primeira vez testado após a longa onda de ataques de janeiro, o Estado demonstra alguns aprendizados. A resposta agora foi mais rápida e mais articulada. Em que pese o fato de as facções estarem menos organizadas.
A quebra dos canais de comunicação é passo fundamental. Desestrutura cadeias de comando. Torna as decisões mais lentas e tomadas por pessoas menos experientes no crime. Até janeiro, a coordenação das ações criminosas era monitorada em tempo real de dentro das prisões.
Há denúncias de abusos e violência contra os presos. Devem ser investigadas e os responsáveis devem ser punidos. Nada disso é tolerável num Estado de direito. E não é necessário. Há acertos da nova gestão prisional, ao obstruir comunicações, transferir líderes. O Estado precisa ser capaz de impedir que os presos continuem a cometer crimes dentro dos presídios. São outro exemplo de desmoralização as recorrentes operações que cumprem mandados de prisão por quem já está preso.
A desorganização das facções tem tido sucesso. Mas é preciso manter a vigilância, em particular com outro fenômeno que se dá a partir do isolamento dos antigos chefes: as sucessões no comando do tráfico e à frente das facções.
Bolsonaro e o socialismo
Presidente Jair Bolsonaro (PSL) na ONU, na última terça-feira: "Meu País esteve muito próximo do socialismo, o que nos colocou numa situação de corrupção generalizada, grave recessão econômica, altas taxas de criminalidade e de ataques ininterruptos aos valores familiares e religiosos que formam nossas tradições."
Bolsonaro em dezembro de 2002, à Folha de S.Paulo, quando tentava ser recebido por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e ao dizer que não tem problema com a esquerda: "As coisas mudaram. Hoje, comunista toma uísque, mora bem e vai na piscina."
Bolsonaro em setembro de 1999, após Hugo Chávez ser eleito na Venezuela: "Ele (Chávez) não é anticomunista e eu também não sou. Na verdade, não tem nada mais próximo do comunismo do que o meio militar."
Bolsonaro e o Mercosul
Bolsonaro na ONU sobre o Mercosul: "Em apenas oito meses, concluímos os dois maiores acordos comerciais da história do país, aqueles firmados entre o Mercosul e a União Europeia e entre o Mercosul e a Área Europeia de Livre Comércio, o EFTA. Pretendemos seguir adiante com vários outros acordos nos próximos meses."
Instantes após a eleição de Bolsonaro, Paulo Guedes disse à correspondente do maior jornal da Argentina: ""O Mercosul não é prioridade. Não, não é prioridade. Tá certo? É isso que você quer ouvir? Queria ouvir isso?"
No mês passado, Bolsonaro disse: "Se (a Argentina) criar problema, o Brasil sai do Mercosul".
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