Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
Reportagem do jornalista Cláudio Ribeiro, publicada no O POVO de hoje e disponibilizada desde ontem para assinantes, lança olhar peculiar sobre a onda de ataques criminosos em Fortaleza. E a motivação apontada pelos investigadores ouvidos pelo repórter é intrigante: a economia.
Crime organizado é negócio. Mais ou menos organizados. Vendem produtos - drogas, armas e afins - ou serviços - pistolagem, proteção, transporte dos produtos ilícitos… A lista é longa. A violência é o meio, assim como as interfaces políticas que esses grupos mantêm, as infiltrações em forças de segurança e por aí vai.
Conforme a reportagem, um dos motivos da atual onda de ataque seria a tentativa de responder à crise financeira em que se vê a facção mais numerosa do Ceará, os Guardiões do Estado (GDE). Surgida no Ceará, ela tem o maior número de membros no Estado, é a mais violenta, desorganizada, imatura e intempestiva. Diferente, por exemplo, do Primeiro Comando da Capital (PCC), que tem estruturação empresarial algo sofisticada e é comedida ao recorrer a atos de violência, pois atrapalham os negócios.
Pois bem, a atual onda de ataques é protagonizada pela GDE. A facção está em crise econômica. Chefes foram transferidos, isolados. Longe, eles geram mais despesas para a organização.
Além disso, foi rompida a rede de comércio dentro dos presídios. Havia venda de telefones celulares, drogas, cigarros, e também ventiladores, televisores e colchões. Obviamente, as facções não entravam com colchões nos presídios. Eles eram fornecidos pelo Estado. Mas, os grupos criminosos se apossavam e vendiam para os detentos, que pagavam mensalidades. O Estado adquiria muitas das mercadorias que se tornavam produto no mercado que financiava as facções.
As mudanças introduzidas desde o início do ano mudaram drasticamente o regime disciplinar dentro dos presídios. Nesse particular, houve a "reestatização" dos itens essenciais fornecidos aos detentos. Voltou a ser o Estado a conceder alguns dos itens garantidos a eles. Desse modo, foi atingida outra rede de financiamento do crime.
Com menos dinheiro, a GDE passou a adquirir menos drogas. Então, o comércio foi prejudicado. O grupo se fragilizou.
O que isso tem a ver com os ataques? De acordo com as investigações, os atentados e a radicalização das ações criminosas seriam reação às mudanças que afetam os negócios da facção. Eles estariam reagindo por estarem pressionados.
Em 1992, o assessor da campanha de Bill Clinton, James Carville, criou a frase que se tornou mantra da propaganda política pelo mundo: "É a economia, estúpido". Valeu naquela época para a disputa pela Casa Branca e hoje vale para as movimentações das facções criminosas no Ceará.
Lava Jato quer que Lula saia, mas Lula não aceita
O Brasil é mesmo surpreendente. Em outras condições, a possibilidade de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deixar a prisão levaria manifestantes de camisa amarela às ruas e colocaria panelas em alvoroço. Pois bem, a força-tarefa da Lava Jato defende que o ex-presidente vá para casa. E a defesa de Lula rejeita a saída desse modo.
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