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A visão de Bolsonaro para o BNB
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

A visão de Bolsonaro para o BNB

Tipo Opinião
O que Paulo Guedes quer do BNB? (Foto: JÚLIO CAESAR)
Foto: JÚLIO CAESAR O que Paulo Guedes quer do BNB?

O Banco do Nordeste (BNB) é a instituição federal mais forte da região. Por óbvio, o controle é disputado a tapa por políticos nordestinos. O que não significa que, em Brasília, o preenchimento seja prioridade. Romildo Rolim vem no comando desde o governo Michel Temer (MDB). Agora, o jornalista Igor Gadelha, da Crusoé, informou que Paulo Guedes decidiu substituí-lo. Isso no 12º mês de governo Jair Bolsonaro.

O antecessor dele, Marcos Holanda, havia sido indicado pelo governo Dilma Rousseff (PT). No governo Michel Temer (MDB), permaneceu por um ano e meio. Ajudou o fato de ele ter sido, já no governo petista, indicação peemedebista.

Dilma demorou seis meses para escolher o primeiro dirigente do BNB indicado por ela - trocou o comando quatro vezes nos anos seguintes, mas isso é outra história. Antes de indicar Jurandir Santiago, manteve na função Roberto Smith, que vinha desde fevereiro de 2003. O fato de ser um governo de continuidade do PT ajuda a explicar a pouca pressa na substituição. O que não vale para Bolsonaro em relação a Temer.

São raros os gestores em posições tão estratégicas a terem sobrevivido à alternância de governo. A resiliência de Romildo Rolim na função é caso raro.

Os governos que assumem têm milhares de cargos para preencher e o histórico recente mostra que o BNB não é nem de longe prioridade. Órgãos com menores orçamento e importância estão na frente na fila. É a posição que o Nordeste, mais que o BNB, costuma ocupar na fila de prioridades.

A questão, a se confirmar a mudança, é qual condução o governo Bolsonaro dará ao BNB. Qual o projeto de Paulo Guedes para o banco. Isso definirá muito da visão econômica para o próprio Nordeste. Há muitas sinalizações e pouca clareza.

Na equipe econômica, há reservas quanto a instituições de fomento. Elas vão, em tese, de encontro à visão liberal. São vistas como intervenção no mercado. Isso vale para o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Que dirá o BNB, muito menor e mais distante do coração e do bolso do grande capital nacional. Uma instituição como o BNB se fundamenta no combate às disparidades regionais e no desenvolvimento das regiões mais pobres. Na visão liberal mais em voga no governo, combate-se a miséria, mas desigualdades são do jogo capitalista. São até oportunidade para empreendedores. O mercado que dê conta delas. Nessa visão, política de fomento é uma interferência indevida e uma agência de atuação regional é distorção estatal.

Foi cogitada a privatização do BNB, o que Paulo Guedes negou publicamente. Também se falou em fusão com o BNDES. Outra possibilidade era redirecionar o banco para a área de infraestrutura. Nada disso parece ter ido adiante. Os indicativos são de que o Banco do Nordeste fica. O que não se sabe ainda é qual BNB fica.

Um capixaba no BNB?

Segundo Igor Gadelha, o escolhido de Guedes seria Júlio Cezar Alves de Oliveira, natural do Espírito Santo. A se confirmar há algumas coisas a considerar. A primeira é que o norte do Espírito Santo, assim como o norte de Minas Gerais, estão na área de atuação do BNB. Não é um alienígena.

Não nordestinos no comando da instituição não são raros. Roberto Smith, que comandou a instituição durante todo o governo Lula, é paulista, embora morasse em Fortaleza desde 1977 e sua família paterna seja cearense, que emigrou para o Rio de Janeiro na seca de 1915. No governo Dilma, foi indicado Ary Joel Lanzarin, catarinense que foi o primeiro presidente que nem era nordestino nem tinha vínculos fortes com a região. Foi substituído, ainda por Dilma, por Nelson Antônio de Souza, paulista que morava há anos no Piauí.

O presidente do BNB não precisa ser nordestino. Mas, precisa conhecer o Nordeste, entender o povo da região e suas necessidades. Entender, principalmente, que não está a administrar um banco qualquer, mas uma instituição voltada ao desenvolvimento da região mais pobre do Brasil. Se tiver essa compreensão, não há problema se ele vier de Saturno.

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