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Renan réu e a delação de Sergio Machado
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Renan réu e a delação de Sergio Machado

Tipo Opinião
Sergio Machado, ex-grande aliado
Foto: Divulgação/Transpetro Sergio Machado, ex-grande aliado "da pior espécie" de Renan Calheiros

Renan Calheiros (MDB-AL) virou réu pela primeira vez na Lava Jato - e o ineditismo é surpreendente. As denúncias envolvendo o emedebista remontam ao período em que presidia o Senado, Michel Temer (MDB) fazia a articulação política de Dilma Rousseff (PT) e Jair Bolsonaro pedia votos para Aécio Neves (PSDB) e Luiz Fernando Pezão (MDB). Ele responderá pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. No ritmo em que a coisa anda, sabe-se lá quando pode haver desfecho.

O motivo para Calheiros se tornar réu tem DNA cearense. O ponto de partida é a delação do ex-senador cearense Sergio Machado. Conforme a delação, Calheiros trabalhava para manter Sergio Machado na Transpetro. Machado, por sua vez, favorecia a empresa NM Engenharia nos contratos. E intermediava propina da NM para Calheiros.

A defesa do senador protestou contra o recebimento da denúncia pela Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF). "É inacreditável que se investigue uma trama de Rodrigo Janot, Sergio Machado e Marcelo Miller, trio da pior espécie". Janot é ex-procurador-geral da República e Miller é ex-procurador.

Calheiros não é o único integrante do MDB a quem Machado causa problemas, longe disso. No começo de novembro, a delação foi um dos elementos para a Polícia Federal pedir a prisão do ex-presidente do Congresso Nacional, o senador cearense Eunício Oliveira (MDB). O pedido foi recusado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin.

"Pior espécie" de Machado

É curioso a defesa de Calheiros se referir a Machado como alguém da "pior espécie". Por mais de uma década, o cearense comandou um dos maiores orçamentos da República, sob as bênçãos do ex-presidente do Senado. Machado era um dos mais estratégicos aliados de Calheiros dentro do governo. Entrou no governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ainda em 2003. O PMDB, seu partido, só aderiu em 2004.

Em 2012, quando o noticiário apontava a iminência de demissão de Machado, Calheiros articulou intensamente para segurá-lo. Chegou a tirar das férias o então ministro das Minas e Energia, Edison Lobão (PMDB-MA), para engordar a trincheira a favor da manutenção. Então vice-presidente da República, Temer também entrou na parada. Não faltavam padrinhos ao ex-senador cearense.

Ao entrevistá-lo em 2013, perguntei sobre a relação entre os dois. "O presidente Renan é meu amigo. Mas a pessoa se mantém no cargo porque está fazendo o trabalho", disse Sergio Machado.

O papel do BNB: por que mudar?

Sobre a coluna de ontem, que tratou dos rumos do Banco do Nordeste (BNB), recebi mensagem do ex-deputado federal Firmo de Castro, que teve destacada atuação na Constituinte, em particular nas políticas de desenvolvimento regional. (A quem de vez em quando pergunta: não somos parentes…). Firmo escreveu o seguinte: "Há mais de duas décadas que o banco tem sofrido as consequências da inexistência de uma política de desenvolvimento regional e, particularmente, da indefinição do seu papel neste contexto vazio e politicamente irresponsável. Some-se a isto as temerárias e improdutivas administrações que neste período ali se instalaram, frutos do desconhecimento da questão regional brasileira e, em especial, da nordestina, decorrentes às vezes da própria procedência de alguns dos principais dirigentes estranhos à região. Nesta triste trajetória só recentemente a instituição, sob o comando do dr. Romildo Rolim, funcionário de longa carreira, vem tomando um novo rumo favorável, dentro do possível pois ainda não se dispõe de uma política de desenvolvimento do Nordeste e do consequente papel do Banco. Por que então substituí-lo? Afinal , o BNB tem que existir, ao contrário do que infelizmente acreditava o ex-presidente Byron Queiroz, e não pode se limitar a ser uma simples instituição financeira ou cooperativa do microcrédito. Ao contrário dessas malditas crenças , tem de exercer funções voltadas para o financiamento e promoção de atividades econômicas e tecnológicas verdadeiramente transformadoras da economia nordestina".

Foto do Érico Firmo

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