Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
O prefeito Roberto Cláudio (PDT) iniciou abertamente as negociações eleitorais pela composição das chapas para vereador, em conversa com o presidente da Câmara, Antônio Henrique (PDT). Embora a chapa para prefeito seja o que mais chama atenção, o aspecto talvez mais importante na formação das grandes alianças é a composição para o Legislativo. Os partidos que entram nas grandes coligações estão de olho, como perspectiva, em influência e espaços num governo vindouro. Para as principais forças, quem sabe na vaga de vice. A demanda mais real e imediata, entretanto, é cadeira no parlamento. O ponto de partido nas negociações para a maioria dos partidos é quantos parlamentares eles conseguirão emplacar. Nos anos anteriores, o grupo Ferreira Gomes desenvolveu eficaz método de formação de blocos por potencial de votos, de forma a contemplar os vários patamares de partidos e candidatos. As legendas eram agrupadas em faixas, conforme a força de cada uma. Agora a legislação mudou. Não serão mais permitidas coligações de partidos. Podem até se aliar para apoiar um mesmo candidato a prefeito. Mas, não podem mais formar chapa para vereador. Então, a saída será um movimento coordenado de mudança de partidos. Até o começo de abril, haverá uma temporada de troca-troca de candidatos a vereador.
As legendas já costumam fazer isso. Têm filtros e restringem filiação de algum candidato com muito mais votos que os demais. Nas eleições de vereador ou deputado, os candidatos dentro de um partido concorrem entre si. A votação global da sigla define quantas vagas terá. As cadeiras são preenchidas conforme a votação de cada um. O colega de partido é o primeiro adversário. Portanto, para os pequenos e médios partidos, quando há um pretendente a filiado com potencial de votos muito acima dos demais membros da legenda, ou ele é um superpuxador de votos, que eleja três ou quatro vereadores com ele, ou é barrado. Esse tipo de articulação, agora, ganhará caráter macro.
A organização de chapas em diferentes blocos por potencial de voto foi um dos segredos do laboratório político dos Ferreira Gomes para formar alianças de tamanho sem precedentes em todo o Brasil. Embora as atenções do grande público se concentrem nos candidatos majoritários, muito da energia dos caciques nas negociações são destinadas a esse arranjo.
A proibição de coligações proporcionais, em tese, tenderia a pulverizar candidaturas. Quando fechavam alianças para vereador, as várias siglas, para efeito eleitoral, eram como se fossem um só partido. Agora, tendem a lançar candidatos próprios para puxar voto para os candidatos a vereador da legenda. Roberto Cláudio começa a costura desde agora para preservar sua ampla aliança.
O próximo passo será o prefeito negociar diretamente com os dirigentes de partido. Essa é a parte complicada. Cada um irá querer se fortalecer e não aceitará se fragilizar. A conta não fecha fácil. Como o tempo de rádio e televisão depende dos partidos formalmente coligados, RC não irá querer perder nenhum. É provável o movimento coordenado de uns saírem de determinados partidos e outros se filiarem a essas mesmas siglas, de modo a acomodar a potencial votação à legenda em que os candidatos estão. Haja conta.
Joga a favor do prefeito o fato de que os aliados estão bem confortáveis e acostumados a ser base.
O movimento do PCdoB
O PCdoB está lançando o Movimento 65. É visto como uma forma de esconder o nome "comunista", bastante rejeitado em tempo de onda conservadora. Mas, vai além. Conforme disse ontem na rádio O POVO CBN o vice-presidente do partido, Walter Sorrentino, é uma forma de o partido se apresentar para receber filiados neste novo cenário.
Candidata-se a ser uma espécie de frente partidária, como aquelas das quais o próprio PCdoB fez parte quando na ilegalidade. O MDB foi a mais importante delas. O PT chegou a atuar assim durante seus primeiros anos.
É uma possível tendência para esse momento de proibição das coligações, algumas legendas se tornarem "frentes" para acomodar candidatos.
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