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Os primeiros adversários
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Os primeiros adversários

Tipo Opinião
FORTALEZA, CE, Brasil - 27.01.2020: Heitor Freire, deputado federal, presidente estadual do PSL no Ceará, pré-candidato ao cargo de prefeito de Fortaleza concede entrevista ao Jornal O POVO (Fotos: Thais Mesquita/O POVO) (Foto: Thais Mesquita)
Foto: Thais Mesquita FORTALEZA, CE, Brasil - 27.01.2020: Heitor Freire, deputado federal, presidente estadual do PSL no Ceará, pré-candidato ao cargo de prefeito de Fortaleza concede entrevista ao Jornal O POVO (Fotos: Thais Mesquita/O POVO)

Numa disputa eleitoral, o primeiro adversário da esquerda não é a direita. É a própria esquerda. E vice-versa. Não é por nada que Ciro Gomes (PDT) ficou furioso com o PT na eleição presidencial passada, que tirou dele o quase certo apoio do PSB. É mais fácil tirar votos daqueles ideologicamente mais próximos. É mais factível o eleitor do Psol migrar para o PT que para Jair Bolsonaro, por exemplo. Tornou-se recorrente dizer que a esquerda só se une na cadeia. A direita, por sua vez, não está muito mais unida. É do jogo da política a disputa entre si. Vide as disputas de Bolsonaro com Wilson Witzel, João Doria e Luciano Huck.

Na série de entrevistas dos pré-candidatos a prefeito no O POVO, Heitor Freire (PSL) demarcou ontem sua diferença em relação ao Capitão Wagner (Pros). "Obviamente, defendo bandeiras conservadoras e de direita muito mais claras do que o Capitão Wagner". O primeiro ponto é que é verdade. Wagner, quando ia ingressar na vida pública, procurou o Psol para se filiar e nunca teve resposta. Já se aliou ao PT. Wagner não faz o tradicional discurso policialesco, não tem alinhamento automático com Bolsonaro. Oscila entre posições mais à direita com outras abertamente progressistas, Não é um conservador clássico. Não é alguém na carona da onda Bolsonaro como se acredita Brasil afora ao ver o "capitão" atachado ao nome.

Freire, porém, é bolsonarista de primeira hora, embora tenha ficado no PSL quando Bolsonaro rompeu com o partido. Não estão mais alinhados, embora ele mantenha o apoio ao governo. Mas, de fato, ele faz o discurso clássico de direita.

Não se sabe ainda se Heitor e o Capitão irão bater de frente. Houve conversas entre eles e há chance de acordo. O PSL já sinalizou interesse na vice de Wagner. Não é possibilidade menos provável que a candidatura própria. Talvez até ao contrário. Wagner, afinal, já atraiu apoios relevantes, mas ainda não tem ao seu lado uma legenda que representa o tempo no horário eleitoral de rádio e televisão que o PSL levaria. O discurso de Freire deixa as portas abertas. "Eu gosto dele, eu geralmente digo que é um amigo, uma pessoa que ganhou o meu respeito".

O aceno amplo de Wagner

Heitor Freire demarca com clareza o nicho ideológico de seu eleitorado. Wagner busca ampliar a base de apoio e dialogar com os diversos segmentos. As duas estratégias fazem sentido, conforme as respectivas realidades. O Capitão briga para vencer a eleição. Freire ainda tenta ganhar espaço. Se não falar a um eleitorado claro, não terá voto de ninguém. Wagner, por sua vez, caso vá para o nicho pode distanciar eleitores e perder voto. Por isso, ele evita se atrelar a Bolsonaro. Sabe que está em um estado e uma região que, há várias eleições, dá maioria à esquerda. Se tiver voto de todo mundo em Fortaleza que votou em Bolsonaro, Wagner terá uma votação estupenda, mas perderá de novo no segundo turno. Para virar prefeito, ele precisa dos votos também dos eleitores de Fernando Haddad (PT). Ou dos de Ciro Gomes (PDT).

A candidatura do bolsonarismo

Resta ainda saber o destino do grupo de Bolsonaro. O Aliança pelo Brasil parece mesmo que não estará organizado a tempo da eleição. Então, o que farão os bolsonaristas? Buscarão abrigo em alguma legenda que sirva de "barriga de aluguel"? Voluntários à tarefa não faltarão. Nesse caso, André Fernandes concorrerá? Ele já mostrou interesse no passado. Ou irão apoiar alguém? De um jeito ou outro, esse fator pode embolar a disputa pelo voto conservador.

 

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