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Camilo escolhe errar pelo exagero e Bolsonaro paga para ver
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Camilo escolhe errar pelo exagero e Bolsonaro paga para ver

O Ceará começa 2021 com um quarto da sua capacidade hídrica total após o ano de melhor aporte hídrico desde 2012. (Foto: Fábio Lima)
Foto: Fábio Lima O Ceará começa 2021 com um quarto da sua capacidade hídrica total após o ano de melhor aporte hídrico desde 2012.

A escalada assustadora do número de casos e mortes não sugere que nenhuma medida adotada até aqui, no mundo todo, contra o novo coronavírus tenha sido demasiadamente dura. Há, sim, muitos exemplos de quem tratou a pandemia de forma frouxa, minimizou o risco e pagou com as vidas da população. No Brasil é travado um embate residual, já superado em todos os outros lugares onde a Covid-19 atingiu a dimensão que há hoje no País.

A postura do governador Camilo Santana (PT) é frontalmente contrária ao que defende o presidente Jair Bolsonaro. Não apenas de Camilo, mas de quase todos os governadores. Os líderes de quase todo o mundo. O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse ontem que a decisão dos estados é o melhor a seguir no momento.

Em entrevista ao O POVO no último sábado, Camilo afirmou: "Se tiver de errar, que seja pelo excesso e não pela omissão." Como escrevi, não há nenhum indicativo hoje de que as medidas possam ser excessivas. De que a dosagem possa ser mais danosa que a própria doença. Nada indica isso. Mas, é possível. Nesse caso, concordo com o governador, prefiro correr esse risco.

Entre a possibilidade do excesso de precaução e de minimizar o tamanho do perigo, fico com a primeira possibilidade. É o que faria e faço com minha família. É o que penso que todas as pessoas devem fazer. A mortandade ocorrida primeiro na China, depois na Europa e agora nos Estados Unidos recomendam, sim, o máximo de precaução. É dever dos agentes públicos fazer de tudo para que não tenhamos no Ceará, e no Brasil, as pilhas de corpos que nem velados podem ser.

Camilo age de modo que pode se mostrar exagerado lá na frente. Caso assim se mostre, terá sido para reduzir ao máximo o alcance da doença. Bolsonaro, por sua vez, prefere pagar para ver. Defende que se assuma o risco, que se teste o potencial destrutivo da pandemia.

Não penso que seja uma política de saúde responsável ou aceitável. Não é o que recomendo que você e sua família façam.

Não há nenhum país relevante que hoje tenha casos de coronavírus na dimensão que há no Brasil e que faça algo parecido com o que apregoa o presidente. Não há nenhuma autoridade de saúde digna de crédito, nenhuma entidade relevante, que respalde Bolsonaro. Não há nenhum exemplo no mundo de sucesso com as saídas heterodoxas que o presidente cogita.

A boa notícia que chega do Sertão

Num tempo tão difícil para a humanidade, precisamos de notícias boas. E algumas passam até despercebidas em tempos atribulados. Mas, as chuvas têm trazidos os melhores alentos para os sertanejos.

No intervalo de 20 dias, o volume do Castanhão triplicou. Chegou ontem a 9,83% da capacidade máxima. Em comparação ao que comporta, está quase vazio, menos de um décimo. Porém,o maior açude do Ceará não guardava tanta água desde abril de 2016. Já se vão quatro anos.

A recarga dos grandes reservatórios é a segurança hídrica para o Sertão e para o abastecimento da Capital depois que terminar a quadra chuvosa - que está na metade.

Apesar de os últimos anos não terem sido de seca, as chuvas foram distribuídas de forma irregular. Choveu mais no norte que no sul do Estado - onde estão os maiores reservatórios. Além do Castanhão, o Orós, segundo maior reservatório do Ceará, também tem volume que não armazenava desde 2016. Terceiro maior, o Banabuiú é o mais seco dos grandes açudes, mas tem o maior volume dos últimos seis meses.

A situação não é confortável, mas representa uma melhora. Imagina o que seria atravessar o atual período ainda por cima com escassez de água.

 

Foto do Érico Firmo

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