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A importância da comunicação
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

A importância da comunicação

Tipo Opinião
Presidente não acredita no que disse no último discurso (Foto: Isac Nóbrega/PR)
Foto: Isac Nóbrega/PR Presidente não acredita no que disse no último discurso

Para qualquer um que trate com assuntos públicos, comunicação é fundamental. Deve satisfação, afinal, ao distinto público. Talvez não haja nenhuma questão onde a comunicação seja tão importante quanto em saúde pública. A informação precisa ser veloz, clara, absolutamente transparente, informativa, coerente. Mexe com a vida das pessoas. Envolve emoção, o que afeta a razão. Por isso, em saúde pública, a comunicação de governo não pode errar. Não pode gerar desconfianças de que está escondendo algo, de que está mentindo. Não pode deixar os boatos prosperarem. Não pode dar a impressão de que está a serviço de qualquer outra coisa que não seja resguardar a saúde da população. Essa comunicação é um dos pilares do enfrentamento de crises.

A comunicação não pode errar, mas a comunicação do governo é errática. O presidente não mantém uma linha de discurso. Um breve histórico do que de principal ele falou:

9 de março: "Tem a questão do coronavírus também que, no meu entender, está superdimensionado, o poder destruidor desse vírus."

10 de março: "Muito do que tem ali é muito mais fantasia, a questão do coronavírus, que não é isso tudo que a grande mídia propaga."

16 de março: "Se a economia afundar, afunda o Brasil. E qual o interesse, parte na verdade dessas lideranças políticas? Se afundar economia, acaba qualquer governo, acaba o meu governo. É uma luta de poder."

20 de março: "Depois da facada, não vai ser uma gripezinha que vai me derrubar, não."

22 de março: "Brevemente o povo saberá que foi enganado por esses governadores e por grande parte da mídia nessa questão do coronavírus. (...) Espero que não venham me culpar lá na frente pela quantidade de milhões e milhões de desempregados na minha pessoa."

24 de março: "Pelo meu histórico de atleta, caso fosse contaminado pelo vírus, não precisaria me preocupar, nada sentiria ou seria acometido, quando muito, de uma gripezinha ou resfriadinho, como bem disse aquele conhecido médico, daquela conhecida televisão."

30 de março: "Parece que o problema é o presidente. É que o presidente tem responsabilidade, tem que decidir."

31 de março: "Estamos diante do maior desafio da nossa geração. Minha preocupação sempre foi salvar vidas."

Escrevi que o discurso não mantém uma linha, mas mantém sim. O que está fora do tom é o pronunciamento da terça-feira. O "maior desafio da nossa geração" não combina com o que Bolsonaro disse antes, nem com o que disse já depois. O presidente não acredita nisso.

A linha do discurso é: 1) minimizar a doença; 2) defender a economia; 3) não se responsabilizar pelo problema.

Redes sem controle

A família Bolsonaro está onde está pelo uso das redes sociais, mas nos últimos dias tem sofrido alguns revezes. Nada importante. Na semana passada, o senador Flávio Bolsonaro fez uma enquete no Twitter sobre o que era pior: caos social ou coronavírus. Ele chegou a mudar a pergunta, por entender que as pessoas estavam votando errado. Mesmo assim, mais de 60% votaram no coronavírus como o pior. Flávio apagou a enquete. Vale ressaltar que o perfil dele, em tese, é seguido principalmente por simpatizantes.

Na segunda-feira, Eduardo Bolsonaro disse torcer por Felipe Prior no Big Brother. No dia seguinte, o rapaz foi eliminado.

Além disso, no domingo, o Twitter apagou mensagens de Bolsonaro e outros parentes sobre coronavírus, por violarem regras da plataforma e serem contrários à saúde pública.

 

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