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Bolsonaro falará às 17 horas, dirá que Moro mentiu e tem perguntas a responder
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Bolsonaro falará às 17 horas, dirá que Moro mentiu e tem perguntas a responder

Presidente tem muito a explicar. Por exemplo, como assinatura de Moro foi parar em um ato que o ministro diz que desconhecia. E precisa responder à pergunta do ex-ministro: por que ele quer trocar o comando da Polícia Federal?
Tipo Análise
Ex-ministro Sergio Moro saiu em defesa da Lava Jato após ataques de Augusto Aras (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil Ex-ministro Sergio Moro saiu em defesa da Lava Jato após ataques de Augusto Aras

O presidente Jair Bolsonaro vai se pronunciar em entrevista coletiva às 17 horas. "Restabelecerei a verdade sobre a demissão a pedido do Sr. Valeixo, bem como do Sr. Sérgio Moro." O que ele dirá irá sinalizar o futuro do governo e do Brasil. Qual a chance de ele ficar, como fica, e, caso saia, como irá cair.

Uma coisa o presidente já sinalizou: ele dirá que Sergio Moro mentiu. Ele já fala isso quando diz "restabelecerei a verdade". Só se restabelece verdade quando há mentira. Bolsonaro não teria condição alguma de permanecer na Presidência da República se não dissesse que é mentira que decidiu fazer interferência política na Polícia Federal. Consigo até ouvir o tom de voz pausado do presidente: "Não é verdade..."

Bolsonaro precisa negar que pretenderia interferir politicamente na PF. Precisa negar que quer ter acesso a informações e relatórios de investigações. Precisa negar que está preocupado com inquéritos em tramitação no Supremo Tribunal Federal (STF).

É provável que Moro não tenha como provar nada disso. Só se ele gravou a conversa com o presidente, o que seria algo também muito sério. O mais provável é que ficará a palavra do presidente contra a do ex-ministro e ex-juiz. Com quem ficará a opinião pública? Moro é mais popular. Cresceu perante a opinião pública antes de Bolsonaro. O presidente ascendeu na esteira do trabalho do então juiz.

Um detalhe importante: ao chamar Moro de mentiroso, Bolsonaro fortalece a narrativa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O petista há anos acusa o ex-juiz de manipulação das investigações, de perseguição, de agir politicamente e agir sem provas. Se Moro teria sido capaz de inventar uma história como essa para sair do governo e atingir Bolsonaro, do que mais seria capaz? Dá para imaginar que ele não seria capaz de usar a prerrogativa de juiz para perseguir alguém que queira prejudicar? Aliás, se Moro for capaz de inventar uma mentira dessas, dá para imaginar que ele não usaria a magistratura para fins escusos? Então, ao confrontar Moro, Bolsonaro se alinha e favorece a velha narrativa de Lula.

Porém, há uma questão que Bolsonaro também precisa explicar. Como a assinatura de Moro foi parar na exoneração de Maurício Valeixo no Diário Oficial? O ex-ministro disse que soube ao ver a publicação. O presidente vai dizer que é mentira isso também? Que o ministro foi mesmo quem autorizou o ato de exoneração? Que ele sabia? Ora, se houve essa comunicação deve ter como provar. Deve haver alguma troca de mensagens tratando disso.

Moro disse que Valeixo não pediu para sair. Bolsonaro sustenta isso em seu tuíte. Se Valeixo pediu, deve ter também como provar.

Bolsonaro dirá que o ex-ministro mentiu. Uma questão que se abrirá, então, é por que o ex-ministro terá mentido? Com qual interesse? Ainda mais fazendo isso para sair do governo e não poder voltar para a magistratura?

Se é provável que muita coisa fique no dito pelo não dito, valerá observar como transcorrerá esta guerra. Moro, afinal, foi juiz durante mais de duas décadas. A despeito do que acusam os petistas, tem noção de que não se afirma determinadas coisas sem provas. Ele foi ministro da Justiça por um ano e quatro meses. Saberá de algo sobre Bolsonaro? Sobre os motivos de o presidente temer os inquéritos no Supremo?

Bolsonaro deu indicativo de que irá para a guerra. Informou que concederá coletiva. Para chamar de tal, responderá às perguntas dos jornalistas. São muitas.

Diria que, acima de todas, há uma que Moro fez e ele precisa responder: por que o presidente quer trocar o comando da Polícia Federal?

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