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Os cientistas e as cidades ambientalmente caóticas
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Jornalista, divulgador científico e professor da Universidade Federal de Rondonópolis. É doutor em ecologia pela Universidade Autônoma de Madrid, Espanha

Fabio Angeoletto ciência e saúde

Os cientistas e as cidades ambientalmente caóticas

Às vezes, o problema real não é a falta de comprometimento dos pesquisadores em divulgar suas propostas, mas que os tomadores de decisão os ouçam adequadamente e apliquem seus conselhos
Fabio Angeoletto, professor da Universidade Federal de Rondonópolis (UFR) (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação Fabio Angeoletto, professor da Universidade Federal de Rondonópolis (UFR)

Os biólogos Franco Leandro de Souza, María Fenoglio e este colunista publicaram recentemente um ensaio na revista Sustainability, intitulado "To Be a Brazilian City Dweller, Sometimes We Must Learn to Say Enough!"

Transcrevo aqui alguns pontos do ensaio, que busca responder por que as cidades brasileiras são ambientalmente caóticas.

Considerando as mudanças ambientais globais que o mundo enfrenta, é um bom momento para olhar para nossas cidades e buscar novas ideias para lidar com seus dilemas.

Tomando como exemplo a realidade das cidades brasileiras, muitos problemas ainda persistem nas áreas urbanas, como a queima de vegetação em terrenos baldios, animais mortos nas ruas, acúmulo de lixo em fragmentos florestais, poluição e enchentes.

Esse abismo entre a sociedade e as questões ambientais reflete uma falta de consciência em relação aos direitos ambientais da população e ao funcionamento da Justiça que os protege.

As cidades do Brasil são caracterizadas por acentuadas desigualdades socioambientais, e outro agravante é o descompasso entre a teoria e a prática na implementação de políticas públicas, nas três esferas de poder, a federal, a estadual e a municipal.

Cientistas precisam reconhecer seu papel nesses problemas, bem como sua importância na resolução dessas questões complexas. Como é possível que as pessoas ainda vivam em cidades com tantas tragédias ecológicas? Nós, cientistas, precisamos fazer muito mais como atores para convencer os formuladores de políticas a aumentar a resiliência urbana, participando ativamente da governança em uma ampla gama de esferas administrativas.

No entanto, às vezes, o problema real não é a falta de comprometimento dos pesquisadores em divulgar suas propostas, mas que os tomadores de decisão os ouçam adequadamente e apliquem seus conselhos.

Uma das possíveis causas para o baixo entrosamento entre o mundo acadêmico e os cidadãos é a enorme pressão sobre os cientistas brasileiros para escrever e publicar artigos em revistas acadêmicas de prestígio, o que é um processo demorado e que requer dedicação.

Como os impactos ambientais urbanos também são sociais, uma forma interessante de democratizar o conhecimento científico é traduzi-lo para uma linguagem jornalística, e ocupar todos os espaços disponíveis na imprensa. n

 

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