Dois golaços de Lucas Lima — teve a sua melhor atuação com a camisa Tricolor — e Yago Pikachu colocaram o Fortaleza na frente do Athletico-PR com sete minutos de partida, deixando de lado rapidamente qualquer sintoma ou receio de abalo psicológico depois da derrota pesada para o Atlético-MG, na Copa do Brasil, quarta-feira passada. Com bastante movimentação ofensiva, velocidade e troca de posições, o Tricolor dominou amplamente o adversário, que não deu qualquer trabalho ao goleiro Marcelo Boeck no primeiro tempo. O 2 a 0 parcial ficou barato.

Na segunda etapa, mais uma vez, apenas um time jogou. Buscando manter a ofensividade e contando com um raro entrosamento, o Fortaleza consolidou a vitória por 3 a 0 — Robson finalmente voltou a marcar, desta vez de cabeça — subindo para 48 pontos em 28 jogos, na vice-liderança, campanha notável com potencial evidente de alcançar a fase de grupos na Libertadores de América em 2022. O Flamengo-RJ, com apenas 25 jogos por causa de um calendário absurdamente desorganizado, está com 46 pontos, em terceiro, após ser derrotado para o Fluminense por 3 a 1. Já o Palmeiras tem 46 pontos, com 27 partidas disputadas.

Melhor jogador do Fortaleza na Série A e um dos melhores de toda a competição — são oito gols e cinco assistências —, Yago Pikachu deixou o jogo contra o Furacão com uma contusão preocupante no ombro esquerdo: suspeita de luxação. Se a sua saída não impediu mais uma vitória importante na temporada, a sequência sem o jogador — se for longa, como agora teme o torcedor depois das manifestações de dor na saída do campo — será um desafio e tanto para Juan Pablo Vojvoda encontrar um substituto para minimizar a ausência, porque não há ninguém no elenco com tamanha capacidade técnica e tática do paraense.

O empate do Ceará em Caxias do Sul

O primeiro tempo do Ceará contra o Juventude-RS, neste sábado, em Caxias, foi inexplicável e voltou a assustar a torcida. Por mais que o discurso tenha sido de busca pela vitória, foram 50 minutos de uma equipe sem criatividade ofensiva e nenhuma finalização ao gol adversário, lembrando os piores momentos com Guto Ferreira. Chamou muito a atenção o espaço entre meio-campo e ataque, o que simplesmente impediu o time de atacar. A bola sequer chegava perto da zaga gaúcha, quanto mais no goleiro Douglas. Em compensação, o Juventude pressionou como podia, dentro das suas limitações, finalizou mais de 10 vezes e o goleiro João Ricardo foi o melhor em campo pelo Ceará.

Na segunda etapa, a conversa com Tiago Nunes deu algum resultado e o Alvinegro conseguiu agredir porque se posicionou melhor para contra-atacar, já que o Juventude seguiu tentando o gol o tempo todo. Foi assim que o Ceará perdeu três boas oportunidades para marcar, mas viu o adversário desperdiçar outras tantas até o fim. Pior visitante da Série A e sofrendo muito defensivamente — novamente João Ricardo se destacou demais — somar um ponto em um 0 a 0 foi lucro para o Alvinegro, agora com 32 pontos e em estado de alerta total para não se aproximar da zona de rebaixamento.

A fase do futebol cearense

O futebol cearense vive sua melhor fase. Por todos os ângulos que se olhe, a tendência é de alta. Ceará e Fortaleza já convivem na Série A faz tempo e estão em suas melhores posições no ranking da CBF. Em 2022 serão oito equipes do Ceará nas quatro divisões do Campeonato Brasileiro, algo inédito. Outro ponto relevante: Fortaleza, com cinco representantes — Ceará, Fortaleza, Ferroviário, Floresta e Atlético-CE — será a cidade do país com maior número de clubes nas três primeiras divisões da competição. O ótimo momento tem relação direta com gestões mais profissionais, investimento em estrutura e equilíbrio financeiro, mas a atenção precisa ser total e perene. A manutenção da boa fase é tão difícil quanto chegar ao objetivo e quando ocorrerem as derrapadas — futebol, como a vida, é cíclico — é fundamental o preparo para retomada do rumo, sem desespero.

Brasileirão de poucos gols

Segue muito baixa a média de gols da Série A do Campeonato Brasileiro. Ano após ano, os times conseguem mostrar menos qualidade ofensiva, tanto na construção das jogadas, como, especialmente, nas conclusões. Neste momento, o campeonato tem 2,2 tentos por partida, número que só não é pior, por enquanto, do que a média do torneio em 2018, isso levando em conta apenas o Brasileirão disputado com o regulamento de pontos corridos, ou seja, desde 2003. É duro.