Com uma partida muito consistente defensivamente e bom aproveitamento das chances reais que construiu, o Fortaleza venceu o Náutico neste sábado e está na final da Copa do Nordeste acumulando méritos. O 2 a 0 (Robson e Romero) construído no Castelão é fruto de um trabalho tático bem feito pelo técnico Juan Pablo Vojvoda, que está próximo de completar um ano treinando a equipe (foi anunciado no dia 4 de maio do ano passado).

Invicto na temporada 2022, o Tricolor conseguiu confirmar seu favoritismo diante do time pernambucano que, sabendo de suas limitações, optou por uma tática de marcar forte e tentar jogar nos contra-ataques. Ocorre que, com raríssimas exceções, o sistema defensivo do Fortaleza não deu espaços e ofensivamente o time teve a paciência que o jogo pedia.

Quem voltou a marcar foi Silvio Romero. O argentino chegou ao quarto gol pelo Fortaleza em 408 minutos em campo, média excelente de quase um gol por partida. E um detalhe é relevante: o jogador está em adaptação ao futebol brasileiro, algo totalmente natural. Vojvoda ainda não o escalou por nenhuma partida durante o tempo todo. Ou ele é substituído ou entra na vaga de alguém, o que torna mais difícil o ritmo de jogo.

Ainda sobre a semifinal da Copa do Nordeste, Matheus Vargas desperdiçou um pênalti quando a partida estava 1 a 0, no segundo tempo. Bateu muito mal. Não se conhece ainda as condições que fizeram o meio-campista ser o escolhido para definir a partida - o que ocorreria naquele momento - mas fato é que ali estavam pelo menos uns oito jogadores melhores do que ele para executar a tarefa.

A segunda eliminação do Ceará na temporada, agora na Copa do Nordeste para o CRB, mostrou mais uma vez uma equipe falhando nos momentos decisivos, deixando escapar lugares para times muito menos qualificados. Não foram apenas falhas táticas e técnicas, além de inúmeras chances perdidas, mas também emocionais. Sangue frio e equilíbrio são fundamentais no futebol e o elenco alvinegro mostrou novamente problemas no quesito, que culminou com mais uma insucesso na disputa de pênaltis. De nada adiantou um elenco muito melhor e mais caro. Outro ponto curioso: no intervalo entre as eliminações, o Ceará foi bem. Em quatro jogos, quatro vitórias, oito gols marcados e nenhum sofrido, mas na hora da partida mais relevante, a realidade se impôs.

A consequência foi a demissão do técnico Tiago Nunes, que carrega responsabilidade evidente pelas eliminações, mas não é o único e nem o principal culpado. Sua saída foi uma cortina de fumaça tradicionalmente usada pelos clubes brasileiros justamente para encobrir falhas de montagem do grupo. No processo das derrotas para Iguatu e CRB, omissões da diretoria, falhas de planejamento e um elenco incapaz de decidir partidas têm mais relevância do que o trabalho do agora ex-treinador.

Por falar em pênaltis, o Ceará, desde o ano passado, vem colecionando resultados ruins. Perdeu a decisão da Copa do Nordeste 2021 para o Bahia desta forma, assim como foi eliminado pelo Iguatu, no estadual, e pelo CRB, na Copa do Nordeste, em 2022. Pênalti é tudo, menos loteria. Uma cobrança boa precisa de treinamento adequado, tranquilidade, inteligência emocional, talento e capacidade. Nenhuma relação com sorte.