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Nas profundezas da realidade
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Professora em MBAs de Marketing do IBMEC Business School e da Unifor. Consultora na Gal Kury Marketing & Branding.

Gal Kury opinião

Nas profundezas da realidade

O fato de que a Elis Regina faleceu com sua filha ainda criança e agora as duas puderam estar "juntas", foi muito impactante para milhares de pessoas que manifestaram seu contentamento nas redes
Tipo Opinião
Gal Kury, professora e consultora de Marketing (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação Gal Kury, professora e consultora de Marketing

O assunto da semana foi a propaganda da Volkswagen que trouxe a recriação virtual da cantora Elis Regina contracenando e cantando com sua filha Maria Rita, em um comercial que emocionou muita gente, porém trouxe uma discussão intensa à tona.

A peça em questão, utilizou uma técnica chamada Deepfake que por meio de softwares com Inteligência Artificial é capaz de trocar o rosto de pessoas em vídeos, sincronizar movimentos labiais, vozes, expressões e outros atributos, gerando resultados as vezes inacreditáveis pela semelhança com os originais.

O fato de que a Elis Regina faleceu com sua filha ainda criança e agora as duas puderam estar "juntas", foi muito impactante para milhares de pessoas que manifestaram seu contentamento nas redes, levando o assunto aos trendtopics, e gerando centenas de milhares de visualizações um poucas horas. Mas o que por outro lado, causou também descontentamento e calorosos debates foi a questão da ética. A pergunta era: até que ponto é aceitável reproduzir virtualmente uma pessoa que está morta e, portanto, não tem como autorizar o uso da imagem, que pertence aos seus herdeiros? Outros falaram em exploração do legado de uma estrela para vender automóveis. Enfim, a polêmica foi instaurada.

Em outros momentos no passado recente a indústria cultural já havia reproduzido simulacros de grandes artistas, como a voz e imagem de Nat King Cole com sua filha Natalie Cole, em um disco e clipe que vendeu milhões de cópias. Por aqui tivemos Tom Jobim, ainda vivo, cantando com Vinicius de Moraes, já falecido na época, em um comercial de cerveja. Em ambas as situações, sem a força viral das redes, não deu para mensurar o coro de satisfação x insatisfação.

O que assusta mais no Deepfake é a acessibilidade de uso. Qualquer um com um smartphone pode baixar apps que fazem simulações, é claro que, não tão reais como as alcançadas profissionalmente. Já tem gente falando que é preciso fazer uma cláusula no testamento desautorizando o uso de imagem e voz virtualmente após morte. Será que tecnologia vai acabar com o descanse em paz? n

 

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