Professora em MBAs de Marketing do IBMEC Business School e da Unifor. Consultora na Gal Kury Marketing & Branding.
Professora em MBAs de Marketing do IBMEC Business School e da Unifor. Consultora na Gal Kury Marketing & Branding.
Houve um breve momento em que tudo parecia caminhar para um horizonte promissor. As empresas, em um movimento que soava quase orquestrado, pareciam finalmente ter despertado para a urgência da diversidade e da inclusão.
Abraçavam causas, defendiam valores sensíveis à sociedade e investiam pesado em departamentos de compliance e governança. Parecia, enfim, que o mundo corporativo havia desenvolvido uma consciência. Mas, de repente, a música parou.
Começamos a assistir a uma queda vertiginosa nesses investimentos. O assunto sumiu das pautas, ninguém mais trouxe a questão à mesa e, pior, o mercado parou de cobrar. Aqueles departamentos criados às pressas, que prometiam ser o coração da mudança, perderam tração e foram esvaziados. E aí, a pergunta torna-se inevitável: será que as empresas adotaram essas práticas apenas para ficarem bem na foto diante do consumidor?
Fico pensando na oportunidade gigantesca desperdiçada pela gestão moderna. Os modelos de negócios poderiam e deveriam abraçar essas causas não como marketing, mas como propósito genuíno. Estamos falando de inclusão real. De acolher as mulheres num momento em que assistimos, atônitos, a uma epidemia absurda de violência. De equidade de oportunidades e de dar voz e vez a quem historicamente foi silenciado.
É triste constatar que, assim como existe o greenwashing para o meio ambiente, criamos uma espécie de "social washing" ou quem sabe, um "purpose washing".
Eu pergunto: por que não ser de verdade? Por que não trazer essas causas para o centro da estratégia? Por que não nomear a inclusão, a diversidade, os direitos das mulheres e o antirracismo como valores inegociáveis e verdadeiros da empresa, e não apenas como um slide bonito em uma apresentação anual?
Espero que, rumo a 2026, possamos assistir a uma retomada dessa consciência. Mas isso não depende apenas dos CNPJs; depende de nós, enquanto sociedade. As empresas fazem o que fazem porque, em algum momento, nós cobramos. Se ninguém mais cobra, o silêncio impera.
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