Logo O POVO+
O queijo coalho pode fazer ainda muito pelo Ceará
Foto de Bernard Twardy
clique para exibir bio do colunista

Bernard Twardy, um chef de estirpe clássico, chegou ao Ceará há 32 anos para nunca mais deixar a terrinha. A acolhida e a semelhança com o Caribe, onde passou sete anos, o seduziram. Antes, viajou pelo mundo em busca de saberes novos e há mais de duas décadas se dedica à gastronomia do Beach Park e ao fortalecimento da identidade do alimento com pegada Cearense.

Bernard Twardy gastronomia

O queijo coalho pode fazer ainda muito pelo Ceará

Valorizar produtos locais e posicioná-los de forma estratégica alimenta uma rede de turismo e gastronomia importantíssima
Cartola, um prato de tradição no Nordeste e que pede queijos da região (Foto: divulgação)
Foto: divulgação Cartola, um prato de tradição no Nordeste e que pede queijos da região

Comprei na semana passada um queijo Minas "padrão" de 500g por R$ 85,90. O que me fez comprar este queijo foi, primeiramente, a curiosidade e a tentativa de entender o porquê deste preço elevado em relação ao nosso maravilhoso queijo coalho. Impostos e taxas variadas estão no meio do que fez este queijo chegar neste preço, já sabemos disso.

Abri o queijo e me deliciei com um sabor de queijo de cura avançada, ele se compara em termos de textura com o nosso coalho, sem o rangido, quando com semanas de cura, bem firme, porém bem mais suave e com ponto de sal bem baixo.

Peru, França, Espanha, Portugal e Japão estão avançando no desenvolvimento de políticas públicas de gastronomia, Minas Gerais vem já há muito tempo trabalhando neste rumo. Em 2017 foi criado o Gastronomia, programa coordenado pela Secretaria de Estado de Turismo de Minas Gerais. O objetivo, em curto prazo, é a criação de um instrumento de planejamento das políticas públicas materializado em um plano único. No ano de 2016 o estado apoiou 23 eventos gastronômicos em 20 municípios. De acordo com dados de pesquisas, a gastronomia foi eleita pelos visitantes como a principal imagem daquele estado.

Testei uma receita de uma quiche tradicional com o queijo mineiro, ficou muito bom, baixo em gordura e leve no sal. Na Pizzaria da Vila testamos substituir a muçarela pelo queijo coalho, que é menos gorduroso, e tem uma pegada um pouco mais salgada. Testamos então a pizza com o Minas padrão, pena que o custo dele é altinho, ele ficou rivalizando com o nosso coalho.

Para não deixar de ir para o lado doce, partimos para o preparo de uma cartola e o mineiro, novamente fez bonito. Mais o contraste do sal do coalho com o doce da banana, açúcar e canela ganharam. No programa de Ana Maria Braga encontrei varias receitas maravilhosas. É só seguir ou apenas se inspirar e criar uma cartola para chamar de sua.

Estas linhas para chegar a qual conclusão? Penso que o mercado tem espaço para queijos cearenses com uma rotulação D.O.C (Denominação de Origem Cearense), atestando uma garantia de fidelidade no processo de preparo. Infelizmente não sou quem fez a releitura desta linda sigla. Com a iniciativa do nosso Governo seria tão bom chamar os produtores para trilhar este caminho. Deve ser possível, já que Minas Gerais conseguiu.

 

Foto do Bernard Twardy

Ôpa! Tenho mais informações pra você. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.

O que você achou desse conteúdo?