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Conexão França-Ceará na busca pela identidade da comida
Foto de Bernard Twardy
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Bernard Twardy, um chef de estirpe clássico, chegou ao Ceará há 32 anos para nunca mais deixar a terrinha. A acolhida e a semelhança com o Caribe, onde passou sete anos, o seduziram. Antes, viajou pelo mundo em busca de saberes novos e há mais de duas décadas se dedica à gastronomia do Beach Park e ao fortalecimento da identidade do alimento com pegada Cearense.

Bernard Twardy gastronomia

Conexão França-Ceará na busca pela identidade da comida

Produtos de várias regiões do Estado foram apresentados durante os dias de evento (Foto: fotos ARIEL GOMES/ GOVERNO DO ESTADO)
Foto: fotos ARIEL GOMES/ GOVERNO DO ESTADO Produtos de várias regiões do Estado foram apresentados durante os dias de evento

Fortaleza recebeu novamente, no fim do mês de setembro, o antropólogo Máxime Michaud no âmbito do Ceará Organic Food Festival, realização conjunta do Centro de Educação Popular em Defesa do Meio Ambiente (Cepema) e Observatório Cearense da Cultura Alimentar (OCCA).

As pesquisadoras Kadma Marques e Vanessa Moreira colaboraram em uma pesquisa de campo conduzida pelo antropólogo, entrevistando chefs e donos de restaurante franceses instalados fora da França. O objetivo da pesquisa é detectar adaptações da gastronomia francesa a cozinhas locais.

Depois deste último contato, o OCCA tem a perspectiva de acompanhar, em maio de 2020, o chef Leo Gonçalves que apresentará a Cozinha DOC (Denominação de Origem Cearense) no Instituto Paul Bocuse . Tem também em pauta a colaboração em pesquisas comparativas, o intercâmbio de pesquisadores e estudantes e publicações conjuntas.

O OCCA foi lançado em 2017 em Fortaleza e tem buscado atuar na formatação de cursos, na produção de pesquisas sobre cultura alimentar e gastronomia e no apoio a processos de valorização patrimonial, ligados à chamada gastronomia regional, de base tradicional e popular.

Eu tive o prazer de ser entrevistado por Máxime Michaud, do Instituto Paul Bocuse, acompanhado pela doutora em Sociologia e pesquisadora Kadma Marques, momento ímpar, que me permitiu contar a história do franco-alemão que veio do Caribe para conhecer o Nordeste em 1986. Apaixonado pela similitude com o Caribe e a calorosa acolhida do povo cearense, este cozinheiro de estirpe francesa começou no cenário fortalezense com o restaurante Via Paris e, quando o deixou, iniciou uma longa história de trabalho e paixão no Beach Park. Nos últimos cinco meses venho me dedicado, depois de muitos anos quase exclusivamente nos hotéis do complexo, a refrescar a culinária da praia com uma equipe que faz grande diferença. Lamento em não ter acompanhado mais de perto o trabalho da OCCA que acho admirável e muito bem conduzido. Creio que meus caminhos um dia cruzarão outra vez com esta muito determinada e humilde equipe. Foi um prazer degustarmos o caranguejo e ver um francês aprender a quebrar e comer com uma professora. Verificamos se o baião estava bom e degustamos um pouco mais com o aval destes simpáticos apreciadores dos bons momentos ao redor da mesa. Maxime procurou saber o que restava das minhas raízes culinárias francesas. Com certeza fiquei com as técnicas e ingredientes chaves. Hoje no Ceará pode se dizer que hasteamos a bandeira da independência do Estado em relação a 80% ou mais dos produtos usados em nossos bastidores. Amaria ter acordado um belo dia com a ideia do DOC. Pelo menos o pratico há muitos anos e a cada dia mais. Na ocasião, já que o Instituto Paul Bocuse me visitou, encerro com un Vive la France e Vive le Ceará!

 

Foto do Bernard Twardy

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