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O BNB entre Roberto Jefferson e Valdemar da Costa Neto
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Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).

O BNB entre Roberto Jefferson e Valdemar da Costa Neto

Tipo Análise
0706gualter (Foto: carlus campos)
Foto: carlus campos 0706gualter

Já disse, e reafirmo, que não vejo crime no processo político que torna natural que um governante busque nomes em partidos aliados para o preenchimento de cargos dentro de uma gestão. Problema é fazê-lo sem adotar os cuidados necessários, como parece estar acontecendo agora no processo de mudança na cúpula do Banco do Nordeste, que resultou na grande trapalhada da semana.

Lembremos: Alexandre Cabral teve passagem relâmpago pela cadeira de presidente entre terça e quarta-feira, porque algumas horas após receber o posto de Romildo Rolim descobriu-se pelos jornais problemas na sua ficha corrida como homem público. O período em que esteve à frente da Casa da Moeda, no governo Temer, deixou rastro de dúvidas éticas e processos.

O primeiro comentário que o episódio impõe é, inclusive, na linha de dar plena razão a Bolsonaro nas suas queixas durante aquela histórica reunião ministerial de 22 de abril sobre a qualidade dos relatórios produzidos pela inteligência do governo. Para quem não sabe, é praxe que uma indicação para os cargos públicos mais importantes, e a presidência do BNB está na lista, passe por um pente-fino a cargo de arapongas federais antes de ser oficializada.

Pois o problema deveria ter aparecido no relatório que certamente foi entregue ao presidente, junto com uma sugestão de veto, o que pouparia o governo do constrangimento e o banco de perder um tempo valioso por um processo de transição que, ao final, mostrou-se inútil.

De volta à parte política do debate sobre cargos, deve chocar ao purismo reinante que a disputa pelo comando do BNB esteja simbolicamente expressa por dois blocos, um deles vinculado a Roberto Jefferson e o outro apadrinhado por Valdemar da Costa Neto. Os dois, ironia das ironias, ex-presidiários - lembra da história de "não tenho bandido de estimação?" -, condenados pela prática de corrupção, como protagonistas, no escândalo do mensalão.

Por isso não merecem uma segunda chance? No caso talvez até nem seja uma segunda, exatamente, mas, é claro que sim, merecem, desde que o atual governo e seus agitados apoiadores ideológicos assumam no discurso uma mudança de compreensão do processo político que, na prática, já é o que acontece.

 

120 dias fora da escala

O delegado João Henrique da Silva Neto foi afastado por 120 dias, segundo decisão da Controladoria Geral de Segurança Pública já publicada em portaria. Ele, ao lado do deputado federal Capitão Wagner, do Pros, fez a denúncia de possíveis irregularidades na compra de respiradores pela prefeitura de Fortaleza a uma empresa de São Paulo que resultou em operação recente de busca e apreensão da CGU, PF e Ministério Público Federal.

O capitão e o delegado

Questiona-se na postura do delegado, dentre outros pontos, o fato dele ter gravado vídeos identificando símbolos da Polícia Civil para falar de temas de interesse político pessoal, estabelecendo-se um vínculo indevido entre a instituição e os fatos que eram denunciados. Já vi muita carreira política nascer desse tipo de situação e claro que o Capitão Wagner atribui a medida punitiva a uma retaliação política.

De frente com Camilo

O cearense Camilo Santana (PT) participa do Roda Viva, da Rede Cultura, amanhã à noite, em novo indicativo de que seu nome entrou na agenda da política nacional. É lembrar que nas crises constantes entre o presidente Bolsonaro e os governadores tornou-se comum que sua palavra esteja entre as buscadas pela turma do Sudeste. O colega Érico Firmo, que assina a principal coluna de Política do O POVO, estará na bancada de entrevistadores. Qualificando-a.

O "Federal" da Assembleia

O polêmico André Fernandes (sem partido), de nenhuma interlocução com o Palácio da Abolição e que diz ter as portas do Palácio do Planalto abertas para si, jacta-se de responsável pelas obras de recuperação da BR-116, à altura de Brejo Santo, que teriam sido solicitadas por ele ao ministro da Infraestrutura, Tarcisio Gomes de Freitas, que confirma. Eis, oficializada, a figura inexistente do deputado estadual com status de federal.

De petistas para petista

Presidentes do PT no Ceará, Antonio Conin, e em Fortaleza, Guilherme Sampaio, planejam uma conversa breve com o governador Camilo Santana. A informação é que a reunião era buscada faz algum tempo, considerando a importância da palavra dele para a estratégia eleitoral a ser traçada, mas a saída do secretário petista Nelson Martins da Casa Civil, ao que consta para ser alternativa à sucessão de Roberto Cláudio, tornou o papo ainda mais urgente.

Programação segue

Guilherme Sampaio, que não tinha sido procurado até ontem por Nelson ou ninguém do governo, diz que na programação do PT de Fortaleza nada mudou e o único nome inscrito como pré-candidato é o da deputada federal Luizianne Lins. O Grupo de Trabalho Eleitoral (GTE) se reúne ao longo da semana para definir a data do Encontro Municipal, onde o debate sobre candidatura pega fogo de vez, e deve confirmá-lo para o final de junho.

 

Foto do Guálter George

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