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O guru agride com termos de baixo calão; o Presidente se acovarda e cala
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Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).

O guru agride com termos de baixo calão; o Presidente se acovarda e cala

Olavo de Carvalho (Foto: Reprodução/YouTube)
Foto: Reprodução/YouTube Olavo de Carvalho

O silêncio do presidente Jair Bolsonaro diante do guru e ex-astrólogo Olavo de Carvalho alcança níveis quase inacreditáveis quando o assistimos reagir calado, e até meio acuado, ao maior ataque que já observei feito à honra de um Chefe de Estado brasileiro, e talvez mundial. As palavras ofensivas com as quais ele se dirige ao presidente da República do Brasil, no estilo baixo nível que comumente lhe marca os discursos e manifestações, nesse caso sim, ofende ao conjunto da sociedade e não poderia ser absolutamente ignorado pelas nossas autoridades, como está acontecendo.

Mais do que isso, até, há um esforço dentro do governo de aplacar a irritação do tal filósofo, que mora numa área afastada da Virgínia, nos Estados Unidos, quer distância do Brasil e não nega isso, ao ponto de recusar convite especial para, em 1º de janeiro do ano passado, vir à posse do admirador-presidente sobre o qual desferiu sua ira na madrugada do domingo passado. Apesar, paradoxalmente, de se entender como autoridade na discussão dos temas do cotidiano do País.

E não é apenas de silêncio que se trata, há evidências de que Olavo de Carvalho impõe medo ao grupo que governa atualmente, ao ponto da reação envolver também, incentivo a articulações para que sejam levantados recursos financeiros para auxiliá-lo na superação de problemas pessoais que parece vir enfrentando. Parte deles já resultado da falta de limites nos ataques pessoais à honra das outras pessoas, apenas porque delas discorda em algum nível, geralmente no plano ideológico.

No ofensivo vídeo em que agrediu moralmente o presidente da República, por exemplo, Olavo faz referência à derrota que acaba de sofrer na justiça brasileira e que lhe impõe o pagamento de R$ 2,8 milhões de indenização ao cantor e compositor Caetano Veloso, a quem acusou de pedófilo. Portanto, o componente financeiro do seu drama é notório e assumido por ele próprio.

É impossível, pelo teor pornográfico, reproduzir aqui exatamente o que Olavo sugeriu que Bolsonaro fizesse com a medalha do Rio Branco, mais alta comenda da nossa diplomacia, com a qual está sendo agraciado pelo governo. Suas palavras desrespeitosas com vários símbolos nacionais importantes, inclusive a figura do Chefe de Estado, teriam que determinar uma firme resposta institucional, anulando a homenagem, exigindo do polêmico pensador de direita uma imediata retratação pela agressão e, até, levando-o à responsabilização judicial.

Naturalizar o episódio expõe, por um lado, um governo que não consegue defender o País sequer quando o vê submetido a uma das humilhações mais vis que o Estado já experimentou em toda a história. Por outro lado, denuncia o tamanho da degradação moral que vivenciamos em plena era Bolsonaro, que, no sentido contrário, anunciava um Brasil finalmente entregue, ou devolvido, a Deus e à família.

 

Foto do Guálter George

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