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O tempo da mudança é o mais importante
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Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).

O tempo da mudança é o mais importante

Bolsonaro tirou máscara para que jornalistas vissem rosto dele (Foto: TV BRASIL/AFP)
Foto: TV BRASIL/AFP Bolsonaro tirou máscara para que jornalistas vissem rosto dele

Considero irrelevante o debate acerca das motivações que estariam por trás da mudança brusca e evidente de comportamento de Jair Bolsonaro, consideradas suas ações públicas recentes de presidente da República.

O importante é que ela precisava acontecer, inclusive para a sobrevivência do governo dele, já que era insustentável a permanência da opção por atitudes que, em muitos casos, chegavam ao nível da irresponsabilidade.

Relevante mesmo, além de prudente, é não considerar definitivo esse distanciamento de Bolsonaro daquele bloco de militantes radicais, para os quais se deve dotar o atual presidente de superpoderes, fechando Supremo e Congresso se necessário, para que ele possa impor os seus desejos para o País.

Ou seja, parece possível sim que o recuo seja meramente tático e temporário, permitindo-lhe acumular energias para voltar depois aos mesmos erros de sempre, talvez até com um pouco mais de força.

A verdade é que nada pode ser descartado. Nem mesmo, por outro lado, que o próprio Bolsonaro adapte-se bem ao momento de calmaria relativa, de uma convivência mais serena com os freios e contrapesos que constituem o Estado democrático pleno, e decida adotar o novo caminho como método até o final do seu governo.

É muito evidente que o novo clima faz bem a todos, incluindo quem está com a missão de governar um País com tantos desafios e que, como normal, prefere fazê-lo longe do caos e das conturbações evitáveis.

Ainda mais quando se vê diante de uma crise sanitária do tamanho dessa que envolve o aparecimento de um vírus com um poder devastador e diverso, que vai da economia à saúde com a mesma capacidade de destruição, sem poupar a política.

Um bom (mau) exemplo do qual nos valemos para reforçar a ideia de que o cenário exige precaução para ser analisado é a constatação de que o "velho" Bolsonaro permanece entre nós, com a opção do presidente por minimizar o problema e utilizá-lo como mais um instrumento de divisão dos brasileiros.

Equívoco que prefere não corrigir, nem mesmo depois de entrar oficialmente na estatística dos diagnosticados com covid-19. Bolsonaro mudou, mas permanece o mesmo.

 

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