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Quem gosta de Bolsonaro precisa enquadrá-lo
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Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).

Quem gosta de Bolsonaro precisa enquadrá-lo

Tipo Opinião

É hora de os próprios simpatizantes, aliados, admiradores ou o que seja entre os que gostam do presidente Jair Bolsonaro encontrarem um jeito de chamá-lo às falas, com a delicadeza que determine o amor de cada um pelo personagem, para fazê-lo encontrar o limite no seu comportamento de presidente da República. Ou seja, falo do que ele hoje representa, para além dos agrados que precisa fazer ao grupamento político que o acompanha desde quando candidato.

O momento pede ação daqueles que defendem o que se faz no atual governo como nova política, de quem agarra-se aos valores cristãos e pugna pela volta da família ao centro norteador do comportamento da sociedade, por considerar que os últimos governos esquerdistas impuseram desvios ao que consideram estado de normalidade.

Essas pessoas precisam lançar a santa indignação de que se dizem possuidoras para apresentarem uma crítica construtiva, e necessária, a eventos protagonizados pelo seu líder, no sentido político do termo, com as características terríveis daquele da noite da última quinta-feira. É uma questão de coerência e de respeito ao que se acredita.

Deu-se o seguinte: na sua tradicional live semanal, que utiliza para falar com os seus e não com o País, já em si um erro, Bolsonaro levou de convidada Esther Castilho, uma menina de apenas 10 anos que lhe admira e que ganhou notoriedade como youtuber. Nada demais, até o momento em que o presidente da República decide lançar na conversa o tema da misoginia e abre um debate de natureza muito esquisita, naqueles termos, até mesmo se estivesse envolvendo adultos. E, repita-se, a interlocutora era uma criança de 10 anos.

A ingênua Esther reagiu a uma pergunta escalafobética com a simplicidade que a idade lhe permitia, e permite. O cidadão que com ela conversava, do alto dos 65 anos e da função exemplar e simbólica que exerce, é que não poderia, nunca, abrir espaço a qualquer insinuação maldosa. É o que fez, incrivelmente, ao entender de maneira atravessada o sentido de uma resposta e tentar desviá-la, sob um sorriso inaceitável, seu e dos que mais estavam na sala, para lhe sugerir conotação sexual.

Os que gostam de Jair Bolsonaro também precisam se indignar com o episódio e, inclusive, provocá-lo a fazer uma reflexão profunda sobre ele. Quem naturaliza a situação perde muito de sua autoridade para reclamar da erotização das crianças no Brasil, fenômeno ao qual se tenta aplicar o carimbo da esquerda. Ignorar a gravidade do caso, apesar de sua aparência meio juvenil (na atitude do presidente e demais adultos envolvidos) pode explicitar que o problema, se assim for entendido, não tem ideologia política.

Para o tucano, alô especial

Chamou muita atenção, e ainda chama. Na convenção do PDT que o confirmou candidato à reeleição ao cargo de prefeito de Sobral, sexta à noite, Ivo Ferreira Gomes guardou para o senador Tasso Jereissati, do PSDB, a saudação mais entusiasmada de agradecimento após ouvir um conjunto de manifestações de apoio de líderes políticos. Uma lista que, dentre outros, tinha os irmãos Ciro e Cid e o governador Camilo Santana.

O irmão que mais gostou

Até porque, segundo ele confidenciou, era um gesto de reaproximação que deixa mais particularmente feliz o irmão Ciro Gomes, de todos eles quem mais próximo foi do líder tucano. Em Sobral, para se ter uma ideia, a última vez em que Tasso e os Ferreira Gomes subiram no mesmo palanque foi em 2008, na campanha à reeleição de Leônidas Cristino. Desde então, os caminhos deles não se cruzavam no município.

A prioridade de Moroni

Muitos perguntam sobre o futuro político de Moroni Torgan depois de concluído o atual mandato do prefeito Roberto Cláudio, de quem é vice. Há pouca pista, mas antes de começar a pensar em janeiro de 2021 sua atenção permanece voltada para a data de 15 de novembro próximo, já que eleger vereador o filho Mosiah - o "Mosiah do Moroni" - se transformou na grande meta eleitoral do ano. Com um detalhe: será candidato pelo PDT e não pelo DEM.

Os movimentos do senador

Tem gente atenta à frenética movimentação do senador Eduardo Girão, do Podemos, no cenário eleitoral cearense. A indicação da advogada Kamila Cardoso para ser a vice do Capitão Wagner foi apenas o gesto mais vistoso, dada a importância de Fortaleza, mas o parlamentar tem tido um agenda geral interessante. O bastante para já ter entrado na mira de quem mapeia adversários para a disputa estadual de 2022.

A dança das cadeiras

Na política é assim, não adianta espernear. O deputado José Sarto ainda não largou a cadeira de presidente da Assembleia para se assumir candidato do PDT à prefeitura de Fortaleza e já tem gente de olho nela. Aliás, isso fez parte da equação que levou à formação da chapa majoritária com o parlamentar liderando-a, porque, sabe-se bem, de maneira direta ou indireta o interesse do governador do PT esteve presente às conversas.

Onde há poder não há vácuo

No politiquês objetivo, Fernando Santana, atual 1º vice-presidente da mesa, do PT e alinhadíssimo com Camilo Santana (concunhados, inclusive), dormiu a noite de quinta-feira última já como favorito à sucessão no comando da Assembleia. Pesa a favor dele, além dessa aproximação com a Abolição, nem sempre boa para a independência do Legislativo, o excelente trânsito que construiu entre os próprios parlamentares ao longo do atual mandato. Seu primeiro, inclusive.

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