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A cômoda popularidade de Bolsonaro não lhe exige que governe
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Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).

A cômoda popularidade de Bolsonaro não lhe exige que governe

 (Foto: Blog do Farias Junior)
Foto: Blog do Farias Junior

Das coisas que a era Bolsonaro tornou difícil de compreender, uma das que mais confunde minha cabeça é a maneira atravessada como ele e seu governo conseguem, de maneira inegavelmente competente, no campo político, distorcer as coisas em seu favor.

Situação que apresenta como símbolo mais forte no momento a forma triunfalista como o presidente e a maioria de seus ministros se comporta em relação à pandemia. Uma tragédia nacional que ele está tentando, e conseguindo, transformar em agenda positiva.

Chegou-se a promover um evento oficial de comemoração por uma alegórica vitória sobre o novo coronavírus.

Coisa que só pode fazer quem, especialmente sendo governante, esteja de costas para uma realidade em que o número de mortos e contaminados não para de aumentar, superando à casa dos 134 mil na tarde dessa quinta-feira.

A atitude soa até desrespeitosa com as centenas de milhares de famílias, talvez milhões, obrigadas a enfrentar um assustador problema de saúde sem dispor do apoio de um governo que, simplesmente, não se sensibiliza com o sofrimento de uma parcela enorme da população.

Uma frieza que em tempos recentes, mais normais, bastaria para tornar inviável um governante. Não o atual, não Bolsonaro.

Desde quando a pandemia tomou de conta das preocupações nacionais e apesar de ficar claro logo cedo que o Brasil tinha um presidente da República que o tempo todo ocupava-se de brigar com auxiliares (alguns dos quais acabaria demitindo), governadores, prefeitos e quem mais agisse demonstrado preocupação prioritária em proteger as pessoas, justificadamente relegando a economia a segundo plano, sua popularidade só cresce.

Hoje mesmo, Bolsonaro promoveu aglomerações e protagonizou novas demonstrações de que tem a simpatia de muita gente, em visitas rápidas ao Ceará e à Paraíba.

Com direito, na cearense Missão Velha, em agenda fora do roteiro inicial, a fazer uma parada estratégica num bar, jogar sinuca, fazer foto, juntar gente e, claro, sair dali ainda mais popular do que entrou.

O fato é que as ruas de alguma maneira respaldam o que tem feito o principal lider do País, inclusive nos grosseiros equívocos que comete, como no caso em que insiste em minimizar uma pandemia que foi capaz de parar o mundo todo por alguns meses do ano de 2020.

Ou seja, não há sequer razão que justifique que ele mude seu comportamento, o que é uma péssima indicação de futuro para o Brasil. Dias piores, parece, virão.

Foto do Guálter George

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