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A calma tucana e o cenário de Fortaleza
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Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).

A calma tucana e o cenário de Fortaleza

Tipo Opinião
2009gualter (Foto: carlus campos)
Foto: carlus campos 2009gualter

As informações que saem de lá em vozes oficiais garantem que há total tranquilidade no PSDB quanto à decisão tomada em Fortaleza de desistir de candidatura própria, que seria a do ex-deputado Carlos Matos, e decidir pelo apoio a José Sarto, do PDT. Seria muito pequeno o risco de uma rebelião do grupo que trabalhou até a última hora para que a aliança fosse com o Pros do Capitão Wagner.

Existe ainda um incômodo do próprio Matos, que ele tem feito chegar ao comando através de amigos. No entanto, a pesquisa realizada para dar um rumo definitivo aos tucanos, acompanhada e coordenada por um representante da nacional, foi devastadora para o candidato a candidato, apontando-o com 1% das intenções de voto. A recomendação, diante do índice, foi clara e não deixou espaço para debate: a ideia de uma chapa majoritária em Fortaleza, que seria considerada a partir de um patamar de 6%, 7%, era inviável naquele contexto.

A presença na convenção do Pros de Roberto Pessoa, Danilo Forte, Nelinho Freitas e Fernanda Pessoa, a totalidade da representação tucana na Câmara Federal e na Assembleia Legislativa, é dada como fato normal. De contraponto, lembra-se que Fernanda esteve no evento do PSDB de Fortaleza, embora não sendo convencional já que sua filiação é de Maracanaú, e informa-se que Nelinho ligou para o presidente Luiz Pontes, depois de anunciada a decisão, para manifestar total apoio ao nome de Sarto.

Enfim, o discurso indica a situação controlada e muito possivelmente assim será no primeiro turno. A questão é se houver uma etapa seguinte na disputa em Fortaleza e para ela se deslocarem, um contra o outro, o Capitão Wagner e José Sarto.

Livres de seus compromissos com outras disputas, as lideranças que queriam um outro caminho na Capital certamente buscarão usar sua influência de voto em favor do candidato com o qual se identificam e que não é o do PDT.

É fácil acreditar, pelo tempo generoso de experiência que acumulam na política, que os dirigentes tucanos cearenses estejam preparados para enfrentar esse novo momento. Lá adiante.

Linha direta com o presidente

O empresário Raimundo Delfino Filho, do grupo Santana Textil, tem tapete vermelho estendido para ele na Casa Rosada, sede principal do poder na Argentina. Na semana, falando da sede da empresa aqui em Fortaleza, ele surgiu como convidado de honra de evento virtual com a presença do presidente Alberto Fernandez, para que este agradecesse a confiança da marca cearense no país, onde mantém uma unidade na província de Chaco.

Cearensês com toque castelhano

Encanta os governantes argentinos que em meio a uma crise de proporção ainda por ser quantificada, no caso deles porque junta a pandemia a um quadro econômico de anos com inflação e sem crescimento, Delfino anuncie investimento de 12 milhões de dólares na unidade de lá. É aquela coisa, numa circunstância dessa até o portunhol bem meia-boca do empresário cearense soou bonito aos ouvidos de Fernandez e equipe.

Trabalhismo de oportunidade

É engraçado ver o ex-deputado Roberto Jefferson esforçando-se para garantir algum nível de coerência ao PTB, espécie de "empresa" de sua propriedade, nas alianças pelo País em 2020. Sua proibição de coligação com partidos que fazem oposição ao governo Bolsonaro está sendo ignorada solenemente, porque, claro, o grande ativo político da sigla sempre foi a liberdade que ofereceu aos filiados para agirem cada um conforme seu interesse.

Muito barulho por nada

Aqui no Ceará, por exemplo, Jefferson bateu com a porta na cara ao tentar desmanchar algumas alianças formais, caso de Fortaleza, onde o PTB está no arco de partidos formado em torno do PDT. Nos padrões do neoultradireitista dirigente, quase uma sigla comunista. Só que o presidente estadual Arnon Bezerra é candidato à reeleição em Juazeiro do Norte e tem como vice um petista, sem um pio da nacional. Resumo da ópera: fica tudo como está.

Conte nove, mas veja três

Há quem considere exagerado que 10 candidatos disputem a prefeitura de Fortaleza, uma cidade com 1,8 milhão de eleitores. O que dizer, então, do fato de Iguatu, com "apenas" 65 mil aptos a votar, ter somente um a menos? É isso, nove nomes brigarão pelo poder no município do Centro-Sul, muito embora a disputa real seja entre o atual prefeito Ednaldo Lavor (PSD) e os deputados estaduais Marcos Sobreira (PDT) e Agenor Neto (MDB).

Por falar em quadro inchado

Aliás, olhando melhor, a onda espalhou-se por muitos municípios cearenses e talvez tenha a ver com as novas regras e a proibição de alianças proporcionais. O fato é que, por exemplo, Caucaia, vizinho a Fortaleza, teve oito candidaturas registradas a partir das convenções, muito embora pendências ainda possam mudar o quadro. O ex-prefeito e ex-deputado, José Gerardo Arruda, precisará ainda provar na justiça que está elegível.

Senador Tasso Jereissati
Foto: DIVULGAÇÃO
Senador Tasso Jereissati

Tasso, o influente

O Anuário do Ceará faz uma interessante consulta todos os anos para auferir o peso real dos parlamentares que integram a bancada cearense no Congresso. Como regra básica, procura-se todos os 22 deputados e 3 senadores para que cada um elabore sua lista, dentre eles próprios, e aponte até três nomes que considere os mais influentes. A iniciativa vale muito porque entrega a eles próprios a tarefa de dizer quem, ali, faz a cabeça (no melhor sentido da expressão) dos demais.

Pelo segundo ano consecutivo o nome apontado como mais influente foi o do senador Tasso Jereissati, do PSDB, como primeira citação de 11 parlamentares, de um total de 22 que participaram. Um resultado muito interessante para ele, hoje um político sem máquina à disposição, fora das rodas de poder local e nacional, portanto, alçado à posição (e agora confirmado nela) como resultado efetivo de sua ação política.

É evidente que existe na avaliação um pouco de conteúdo histórico, o peso de ser um senador de segundo mandato com três passagens pelo governo do Estado, porém, a última delas encerrada no distante ano de 2002.

O Anuário, que será lançado oficialmente amanhã, dia 21, detalhará a pesquisa e como se chegou ao resultado, mas a coluna, autorizada pelos editores da publicação, fez três perguntas a Tasso Jereissati já como repercussão antecipada do resultado. Vamos a elas:

O POVO - Como o senhor recebe o reconhecimento dos próprios parlamentares como o mais influente da bancada cearense?

Tasso Jereissati - Todos nós parlamentares somos influentes e influenciados. Todavia, acredito que por ser o mais antigo entre os parlamentares do Ceará, os parlamentares generosamente fizeram menção ao meu nome.

O POVO - Qual tipo de ânimo que isso cria, se é que cria, para sua ação como senador?

Tasso Jereissati - As dificuldades que o País atravessa e a contribuição que o parlamento pode e deve dar nos estimula. Mas a confiança que a população nos depositou com o voto alimenta nossa vontade de retribuição.

O POVO - O senhor entende que o Ceará tem, hoje, uma boa bancada? O eleitor cearense está bem representado?

Tasso Jereissati - Sigo de perto a bancada no Senado e entendo que estamos muito bem representados. Somos três senadores diferentes, com visões diferentes sobre o enfrentamento dos problemas, mas que quando os interesses do Ceará estão em jogo estamos totalmente unidos. Na bancada da Câmara, o compromisso com o Ceará também se repete o que, aliás, é uma tradição das nossas bancadas.

 

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