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A intenção de voto na pesquisa, o nome diz, não é o voto
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Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).

A intenção de voto na pesquisa, o nome diz, não é o voto

Tipo Opinião

Toda eleição é preciso que a questão venha à pauta, porque se começa um debate meio aloprado sobre pesquisas e a função real que exercem numa campanha. O erro básico é confundir os números captados de intenção de voto com antecipação de um resultado que precisa se confirmar nas urnas, com suas vírgulas às vezes, sob pena de estar tudo errado, ter havido manipulação, alguém ter "brincado" com as margens técnicas e coisas semelhantes em termos de absurdo argumentativo.

Um equívoco comum que potencializa as más interpretações de números que nascem da realidade, não são inventados pelos institutos de pesquisa, é a maneira como, em geral, as próprias campanhas reagem. Quem aparece atrás, ou numa situação incômoda, corre a levantar mil dúvidas, a colocar em discussão o que não cabe discutir, enfim, vale-se da incompreensão popular natural para minimizar e questionar aquela informação de base científica que é tornada pública. Uma reação que até pode fazer parte do jogo, claro, desde que a má-fé seja mantida a prudente distância, o que nem sempre acontece.

É igualmente reflexo do mau uso de um instrumento científico, que não está originalmente pensado com tal finalidade, a ânsia dos que aparecem em boas situações para transformar tudo em propaganda, em meio de vender saúde política e eleitoral. Quando, de verdade, o correto seria fazer uso das informações embutidas nos números para consertar equívocos e fortalecer acertos. Poucos o fazem, mesmo considerando que as campanhas mais estruturadas dispõem de suas aferições internas e, certamente, as utilizam para definir estratégias.

O debate voltou, como dizia, porque foi uma semana movimentada de pesquisas e já se ouriçam os agitadores. Quem for capaz de ter serenidade na leitura perceberá uma coerência nos movimentos que todas elas captaram, inexiste uma discrepância que se possa apontar como indicadora de problema ou de manipulação. Claro que há aqueles institutos com graus de confiabilidade e de independência maiores - e o Datafolha puxa essa fila, sem dúvida -, mas nenhum deles, acho, coloca sua marca a serviço de uma mentira. Não haverá dinheiro que consiga justificar um suicídio do tipo, falando-se da parte do mercado que dá para chamar de séria.

Como já vejo um circo se montando para abrir mais um espaço de debates vazios acerca das pesquisas e do papel real que podem exercer, cabe-me recomendar que se faça uso útil das informações importantes que os meios de comunicação, pagando caro por isso em alguns casos, colocam à disposição das campanhas. Há ainda uma semana de briga pelo voto e, num quadro em que inexiste um candidato em situação de disparada como favorito absoluto, dar racionalidade às ações pode fazer a diferença entre ir adiante ou ficar pelo caminho.

Eloquente silêncio de "obrigado"

O gesto do presidente Bolsonaro, manifestando com mais vigor seu apoio ao Capitão Wagner em Fortaleza, no sagrado horário de sua live das quintas à noite, não surpreendeu a campanha do candidato do Pros. Já era esperado que aconteceria, mas a emoção com a atitude, até onde se sabe, é nenhuma. Aliás, sequer se fala em potencializar a história repercutindo-a nos programas do horário eleitoral ou espaços das redes sociais. Talvez as pesquisas, tema do texto cá em cima, ajudem a explicar.

Do Ceará para o Senado

Tempo fechou outro dia no Senado, onde está nascendo uma daquelas relações de convivência difícil a partir de uma realidade paroquial. E a tensão da vez envolveria cearenses, já que dois dos três integrantes da bancada estariam com relações políticas e pessoais interrompidas, efeito do momento eleitoral. São eles Cid Gomes, do PDT, e Luis Eduardo Girão, do Podemos, que não se recomenda convidar, ao mesmo tempo, para um cafezinho no Congresso.

Bate, levou, vai bater e vai levar

Consta que na semana de sessões presenciais do Senado, em setembro, Cid teria repelido, até grosseiramente, uma sinalização de Girão para uma conversa, dizendo que perdera o respeito pelo colega. A recíproca deve ser verdadeira, porque o parlamentar do Podemos, em artigo no O POVO de sexta, vai na jugular do pedetista lembrando da delação de Wesley Batista que liga o nome dele a dinheiro pobre da JBS para campanhas eleitorais. É a chamada "briga de gente grande".

O secreto trunfo secreto

Camilo Santana, Luis Eduardo Girão, Jair Bolsonaro, Lula, até Sergio Moro, quase todo mundo já deu as caras na campanha eleitoral de Fortaleza. E Ciro Gomes, ex-prefeito, morador da lindíssima Praia de Iracema, dado como um dos gurus do candidato do PDT, José Sarto, até agora, nada. Ou aparece nos dias de primeiro turno que restam, uma semana, ou dará sentido à ideia de que não é, hoje, um bom cabo eleitoral na cidade.

Aparentemente tudo certo

Tenta-se entender a performance decepcionante, até agora, da candidatura Renato Roseno. Nome levíssimo do Psol, embora superidentificado com a sigla, boa presença na mídia, deputado estadual atuante que é, recall de quem já fez disputas majoritárias antes, parecia alguém pronto para expandir os apoios para além da cerca ideológica. Porém, patina ente 3% e 5% de uma pesquisa para outra e o partido precisará entender depois o que houve. O nome escolhido, de longe, era o melhor.

Uma campanha e suas nuances

Das coisas que marcam a diferente campanha em Caucaia: Cid Gomes apoia a reeleição do prefeito Naumi Amorim (PSD), seu irmão, Ciro, está com Elmano de Freitas (PT), enquanto o ex-cunhado de ambos, Einhart Jácome da Paz, é o marqueteiro da campanha de Vitor Valim (Pros). Ele foi casado com a irmã deles, Lia, que é eleitora em Caucaia e de vez em quando tem nome especulado para entrar na política.

 

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