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No final, o que vale é a consciência
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Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).

No final, o que vale é a consciência

1511gualter (Foto: carlus campos)
Foto: carlus campos 1511gualter

Temos o cenário que as pesquisas projetam, mas, por favor, não cometamos o erro de confundir as coisas. Pelo menos quando nos propomos a discutir a sério a questão, sem interesses de utilizar os números para induzir votos, especialmente de quem ainda está indeciso. O que quero dizer é: o eleitor parte hoje para o encontro com a urna informado da força de cada candidatura, ou fraqueza, mas pode tomar sua decisão absolutamente livre de qualquer tipo de influência que lhe desvie do que seja sua real intenção.

A coluna leva a sério o que as pesquisas dizem e recomenda ao leitor que faça o mesmo. Para sua orientação, saber qual cenário real de disputa que há em Fortaleza e balizar uma decisão a ser tomada dentro de critérios racionais. Não como elemento indutor do voto.

O que há de se considerar ainda neste 2020 de tantas extravagâncias é que tivemos uma campanha disputada em condições muito diferentes. Até dá para dizer que a nossa discutida democracia revelou-se forte para encarar situações tão adversas que, um tempo atrás, até fizeram com que muitos desconfiassem que realizar uma eleição agora seria impossível.

Claro que houve problemas e, se assim não o fosse, as autoridades eleitorais, da justiça e do Ministério Público, não se viriam obrigadas a radicalizar nas suas decisões em algum momento para proibir totalmente eventos de rua que causassem aglomerações. Tornou-se uma medida necessária, pelas circunstâncias que as campanhas criaram, valendo lembrar ainda que a coisas não se encerram por hoje. É muito mais provável que, no caso de Fortaleza, um segundo turno seja necessário para que se defina quem será o novo prefeito da cidade, uma das mais importantes do País, a partir do próximo 1º de janeiro.

De volta às pesquisas, que até tiveram relevância aparentemente maior como instrumento de orientação ao eleitor, diante das condições diferentes de que tratam os tópicos acima, está desenhado que em Fortaleza teremos uma briga entre José Sarto (PDT), Capitão Wagner (Pros) e Luizianne Lins (PT) pelas duas vagas à próxima etapa, com muito maiores chances dos dois primeiros estarem lá. Este, diga-se pela enésima vez, não é o resultado antecipado das eleições. Aponta-se tendências e o que aparece no O POVO/Datafolha que está publicado nesta edição caminha em linha com o que é a percepção que se tem no ambiente político-eleitoral de Fortaleza. Não há invenção.

À espera de Ciro

Ciro Gomes está sendo guardado pelo PDT como um trunfo para fazer a diferença na campanha da delegada Marta Rocha na disputa pela prefeitura do Rio de Janeiro. Inclusive, especula-se muito fortemente o nome dele e de outro cearense, Mauro Benevides Filho, numa hipotética equipe de secretários com a qual ela governaria. Um para tratar da articulação política e o outro para cuidar das finanças. Aliás, que andam bem ruins por lá.

Combinou com o eleitor?

O problema: as pesquisas de véspera no Rio, divulgadas ontem, mostram uma perda de força da pedetista na reta final de sua briga direta com Marcelo Crivela por uma das vagas no segundo turno. A outra dificilmente deixará de ser de Eduardo Paes, do DEM, que, aliás, apresenta boa vantagem sobre qualquer adversário também nas projeções de segundo turno. Ciro ainda não deu as caras na campanha da pedetista, mas promete tempo integral caso ela no Rio caso ela passe à próxima fase.

No reino das notícias falsas

Uma das notícias falsas que mais circulou na campanha de 2020 foi a de que, encerradas as eleições, governadores e prefeitos voltariam a fechar tudo. Para usar um termo que ganhou a boca do povo, voltaríamos ao regime de lockdown. Aqui no Ceará, pelo menos, a fofoca fez sucesso e espalhou medo, ao ponto de se obrigar o governador Camilo Santana (PT) a negar, em manifestação pública na sexta-feira, que a medida esteja em estudo por aqui.

A fé do senador

Um dos mais atuantes atores políticos de 2020, apesar de não ser candidato, o senador Luiz Eduardo Girão, do Podemos, esteve sexta-feira no encerramento da campanha do correligionário Gledson Bezerra, em Juazeiro do Norte. Como o nome dele estará na urna, apesar de impugnado pela justiça, mantém-se a fé de que o candidato pode surpreender, interrompendo os planos de reeleição do prefeito Arnon Bezerra (PTB).

Na vitória e na derrota

Na verdade, porém, Girão mira o Juazeiro do Norte olhando para o mapa do Ceará. Ontem, lá estava o senador em live do Capitão Wagner, de quem coordena a campanha em Fortaleza, e, sem dúvida, a grande aposta para, no dia de hoje, turbinar seus planos futuros, de 2022 mais precisamente. Uma vitória seria bastante interessante, embora a inteligência política recomende que já começar a pensar num bom discurso para um cenário (mais provável) de derrotas.

Dia do vale tudo

Sei não, mas o sábado de véspera de eleição do candidato Capitão Wagner, do Pros, foi, no comportamento do candidato ao participar de lives, meio revelador de uma certa perda de controle estratégico. Denúncias que precisariam de maior consequência e acusações ao adversário José Sarto, de ordem pessoal, que tinham sido evitadas ao longo de todo o primeiro turno. Caso seja um indício do que teremos pela frente, é preocupante.

 

Foto do Guálter George

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