Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
Talvez o quadro de pandemia e seus efeitos ajude a explicar um pouco o fenômeno, mas o fato é que o Brasil vive uma espécie de anestesia social e política.
Por maiores que sejam as tragédias que se anunciam à frente, diante de decisões e omissões de agora, nada parece capaz de levantar um debate com a profundidade que, até um tempo atrás, seria quase inevitável.
Querem um exemplo? Está anunciado que não teremos dinheiro para realização do Censo Demográfico de 2021 e a notícia circula de boca em boca, página em página, site em site, debate em debate, como se fosse apenas mais uma opção exótica de um governo errático.
É inexplicável o quase silêncio diante de uma decisão alarmante e que priva o Brasil de um dos instrumentos fundamentais para se possa conhecer e se entender com profundidade.
Sem o trabalho de busca das informações mais precisas sobre o perfil sócio-econômico da população, será ainda mais difícil que localizemos as estratégias necessárias para consolidar e ampliar o que há de positivo acontecendo, ao mesmo tempo em que identificando e combatendo os pontos negativos, alguns dos quais somente captáveis com uma ação ativa de campo, um censo, por exemplo.
Até a forma fria como os técnicos do governo comunicaram que não haveria recursos em 2021 para realizar o estudo, que já tinha sido adiado ano passado, indica a falta de capacidade de dimensionar o prejuízo que o País terá, não se trata de situação ou oposição.
Interrompe-se uma série histórica iniciada em 1936, que conviveu com governos e regimes diferentes, presidentes com farda militar e sem, certamente resultando, para o futuro, na falta de informações confiáveis para que as melhores decisões sejam tomadas.
Isso não mudou, ao contrário, trata-se de uma ferramenta de importância ainda maior hoje para os gestores públicos.
Do governo brasileiro atual e sua ideia de país que não parece mesmo dar bola ao tema da soberania, apesar do contraditório discurso, nada havia como esperar de diferente.
Assustadora mesmo é a resposta tímida da sociedade, quase inexistente, políticos, empresários, profissionais de várias áreas, cidadãos em geral, reagem à medida como fosse ela uma qualquer, sem efeitos graves e de difícil conserto para as nossas perspectivas de amanhã.
Parece que se entende, equivocadamente, ser uma situação para ser enfrentada de maneira corporativa e isolada apenas pelo IBGE e seus técnicos.
Aliás, na verdade, sequer da direção do órgão atual há algo que se conheça como reação e o que tinha de acontecer nesse sentido registrou-se lá atrás, quando a então presidente Susana Cordeiro Guerra pediu demissão no primeiro anúncio de corte orçamentário, ainda no Congresso, que feriu de morte o Censo 2021.
Ainda não parecia o golpe fatal, que veio agora e, infelizmente, percebe-se uma calmaria de cemitério. Triste Brasil.
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