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Os números do Capitão Wagner e o cenário de Fortaleza
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Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).

Os números do Capitão Wagner e o cenário de Fortaleza

Ninguém parece mais animado e ansioso com as eleições 2020 em Fortaleza que Capitão Wagner, o mais pré-candidato dos pré-candidatos
Tipo Opinião

Ninguém parece mais animado e ansioso com 2020, na perspectiva da disputa eleitoral pela Prefeitura de Fortaleza, do que o deputado federal Capitão Wagner, do Pros, o mais pré-candidato dos pré-candidatos. Outro dia, com números de uma pesquisa interna que encomendara, apontava quem, a essa altura, identifica como adversários potenciais seus, em lista que apresentaria pela ordem os nomes de Cid Gomes, da deputada federal Luizianne Lins e, para surpresa de alguns, do deputado estadual (e atual presidente da Assembleia Legislativa) José Sarto, em simulação, claro, que excluiria o senador pedetista. É possível que à exceção do próprio Wagner, nenhum destes outros vá à disputa de fato quando a campanha chegar.

Porém, o cenário vai se construindo em cima dessas balizas. A hipótese Cid, que muitos consideram quase descartada, a partir do que diz o próprio, terá o momento de ser oficialmente desconsiderada, caso o seja, quando, dentro de seis meses, aproximadamente, ele não realizar o movimento necessário de transferência de domicílio eleitoral de Sobral para Fortaleza. Está certo que existe um precedente extravagante, com o irmão dele mesmo no ano de 1988, mas não convêm repetir a ideia porque as circunstâncias mudaram e, por isso, o resultado pode não se repetir. Memória rápida, e que impõe pesquisa a quem ficar curioso e quiser saber como tudo aconteceu: Ciro, quando se elegeu prefeito, ainda era eleitor em Sobral.

Luizianne é aquela situação que o PT vai administrando da maneira que as circunstâncias permitirem. É, de longe, a opção partidária mais forte em Fortaleza, mesmo consideradas as dificuldades e desvantagens eventualmente decorrentes do fato de se tratar de alguém que traz consigo o desgaste de duas gestões na cidade. O problema que se cria é de, exatamente, o aspecto da viabilização dela gerar problemas futuros para os interesses do governador petista Camilo Santana, até adepto da tese de candidatura própria, desde que se tenha o cuidado de preservar a ideia de reagrupar as forças políticas na hipótese de um segundo turno. O estilo aguerrido de Luizianne, nesse contexto, não comporta uma campanha de pactos e de acertos prévios que envolvam tréguas, não agressões etc.

A hipótese Sarto chama atenção apenas porque, nas várias apostas de novidades que se tenta criar no entorno mais próximo do prefeito Roberto Cláudio, foi quem apresentou índices mais distantes do traço. No entanto, deve ser considerada com todos os "poréns" que parecem exigir o momento de construção de um nome viável para assumir o discurso de continuidade de gestão. Aliás, outro dado merecedor de consideração é que o prefeito não está mal na fita aos olhos do fortalezense, mesmo em pesquisa encomendada por um nome da oposição, o que não significa necessariamente que terá facilidade para emplacar um sucessor.

De volta ao Capitão Wagner, que tenta fazer a melhor leitura do que os números mais recentes lhe oferecem, sua missão zero de momento é atrair um vice que lhe agregue valor político. Uma hipótese é que seja alguém que represente a área da saúde; outra, que dê preferência a um nome que lhe abra portas no meio empresarial, onde admite ainda encontrar sinais de resistência no projeto de conquistar o Paço Municipal para a gestão entre 2021 e 22024. Mais adiante saberemos se a pressa que demonstra é mesmo a estratégia que a disputa em Fortaleza recomenda no seu contexto de agora.

HEITOR, O FÉRRER, CONTINUA SOFRENDO

O deputado estadual Heitor Férrer, do Cidadania, já não sabe a quem recorrer. Sua queixa, já registrada pela coluna algumas vezes, é quanto à confusão que muitos eleitores fazem entre ele e o homônimo (federal) Heitor Freire, do PSL, e que permanece, segundo afirmou em conversa na semana, praticamente a mesma. O tal voto pela reforma da previdência, que Férrer nunca deu, nem poderia, lhe provoca dor de cabeça quase diária.

UMA LENGA-LENGA REPETIDA

Essa história do parlamentar justificar pouca assiduidade alegando desencanto com a baixa eficácia do mandato parlamentar, como faz agora o jovem deputado André Fernandes (PSL), é um truque já conhecido de quem, na verdade, se vê diante da dificuldade real de encontrar espaço de destaque numa Casa em que a quantidade de voto não garante hierarquia a ninguém. Aliás, se há razões para criticar o ambiente legislativo, este não é um deles.

PARA PODER, PRECISA QUERER

André Fernandes, parece, entendia que os mais de 109 mil votos que registrou no ano passado deveriam lhe garantir algum tipo de atenção especial e não é assim que está sendo, nem é assim que deveria ser. Claro que há espaço na Assembleia para ele, e qualquer outro deputado, fazer muito mais do que "parabenizar o governador, criar o dia estadual de não sei o quê ou a semana estadual de não sei o quê". Basta que o parlamentar queira.

O AFAGO DE CAMILO

No dia do seu aniversário, 27 de outubro, o ex-presidente Lula foi objeto de várias homenagens na semana. Uma delas, postada em vídeo nas redes sociais, do governador cearense Camilo Santana, que lembrou da "injustiça" de que é vítima o correligionário e disse esperar encontrá-lo em breve fora da cadeia. Movimento político natural, mas que acaba, involuntariamente, conflitando com o que faz ao mesmo tempo um dos grandes aliados políticos locais de Camilo, o pedetista Ciro Gomes.

O ATAQUE CONTINUADO DE CIRO

Ciro deu sequência na semana a ataques a cada dia mais duros contra o líder petista, nem aí para os 74 anos que comemorara domingo. Conforme disse ao site Congresso em Foco na quinta-feira, Lula, que segue preso em Curitiba, é "um enganador profissional". O problema disso é que aumenta, muito, a pressão do PT sobre Camilo para que ele decida de que lado está, algo que não lhe interessa fazer.

ENQUANTO ISSO, ÉLCIO CONVERSA

Élcio Batista mantém ativa sua agenda de encontros que, meio descompromissadamente, vai abrindo caminhos para uma ideia de candidatura à Prefeitura de Fortaleza que por enquanto parece mais perto da "ideia" do que da "candidatura". Na semana, a coluna soube de encontro a dois entre ele e um líder empresarial importante, e influente, para colocar as conversas em dia. Eleitorais, inclusive.

Foto do Guálter George

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